terça-feira, 13 de agosto de 2013

Do jogo de Botão, alguém se lembra?

 2012


Do jogo de botão, alguém se lembra?


LEMBRANÇAS DA PRAÇA MACIEL PINHEIRO.

Do jogo de Botão, alguém se lembra?


Paulo Lisker, de Israel

Na praça se reunia a turma para trocar, vender e comprar "jogadores botões", arrumar campeonatos e até sonhar com torneios nacionais e internacionais. Sonhos de meninos felizes de outros tempos.
Sobre este jogo seria necessária uma crônica completa a parte.
No âmago ele procurava imitar o futebol praticado no campo, em cima de uma mesa, e os botões eram os jogadores.
Creiam-me naquele tempo, sem ele a infância dos meninos não teria valor nenhum, nenhum, mesmo.
Digo meninos, pois nunca tive conhecimento de meninas jogando "botão", bordando, sim!
Divertimento barato, qualquer moleque poderia ser dono da melhor equipe de botão do mundo. O menino não necessariamente deveria ser um exímio jogador de futebol, porem baixo a sua batuta (comando, para quem não conhece o termo), os seus botões "deslizando", conduzindo a pelota em cima da mesa fazia isto por ele.
O time era formado de 10 botões, dois grandões eram os "beques", três outros de menor tamanho eram os meio campistas, e os últimos cinco eram a linha atacante.
Maneira diferente das técnicas reais do futebol de hoje em que joga um atacante ou no maximo dois e o resto faz defesa no meio do campo e na retaguarda.
A técnica prevalecente e adotada naquele tempo no "Celotex" (jogo de botão) era que o "ataque é a melhor defesa" (diziam que era a técnica do futebol austríaco no século passado).
Ah, quase ia esquecendo o goleiro era uma caixa de fósforos cheia de um metal pesado para que os botões atacantes não o derrubassem e entrassem na área do gol com a pelota.
Ganhava à partida aquele cujo time metia mais vezes a pelota dentro do gol.
A pelota era feita de massa de pão ou papel alumínio e do tamanho de uma pílula.
O meu "goleiro" ou "guarda valas" tinha dentro da caixa de fósforos um pedaço de chumbo e se chamava "super aço". A caixinha estava revestida de veludo vermelho e nele estava colado o símbolo da "cobrinha".
Porem era muito comum, outros meninos, chamarem o seu "guarda valas", de "Manuelzinho", o goleiro famoso do Sport Clube do Recife ou de Max, goleiro do Clube Náutico Capibaribe.
Todos os botões tinham nome, em geral de jogadores da liga local ou nacional, escritos com caligrafia bonita. Usava-se para tal a tinta Nanquim ou Parker para não desbotar com o uso do "craque botão".
As barras (a área do gol, defendida pelo goleiro) eram uma copia real das "traves" do estádio de verdade, só mais pequeninas. Até filó tinha, imitado as redes que o guarda valas (a caixa de fósforos) defendia contra os atacantes do time adversário.
O jogo tinha uma duração de 20 minutos com dois tempos de 10 cada um e quase sem descanso para os que acionavam os times. Não era uma regra rígida, em torneios os participantes muitas vezes acordavam entre si, um tempo mais curto ou mais longo da partida.
No nosso grupo, o campeão do "jogo de botão", era quase sempre o amigo Senha, da Avenida Conde da Boa Vista. Ele tinha uma paleta de marfim tirado dum piano velho e com ela acionava, melhor diria, fazia deslizar sobre a mesa os seus botões conduzindo a pelota com grande habilidade. O seu irmão Duda era o seu "técnico", coisa que os outros não tinham e invejavam.
Sua equipe de botões (todos de capas ou de ternos) era famosa e quase imbatível, ademais ele possuía uma mesa especial para tal jogo, na sua casa e podia treinar técnicas distintas quantas vezes lhe dava gosto.
Seu grande adversário foi sempre Moisés Roizman, que também era exímio neste "esporte".
Os botões de Moisés recebiam um tratamento especial com cera "Dunlop" que fazia em geral brilhar a pintura dos carros, este "tratamento" fazia os botões deslizar melhor em cima da mesa, ele também afilava o contorno com uma gilete velha, tirava algo da parte interna para que o botão não "criasse barriga".
Os "jogadores botão comiam fogo" até estarem em condições de participar de um time de respeito da "Primeira Divisão".
Com este tratamento, o chute deles cobria o "goleiro" sem precisar derrubá-lo e fazer o gol.
Entre os meninos tinha uns que eram "especialistas neste tratamento".
Quem quisesse sua intervenção para que o seu botão "bruto" conseguido com muito custo na loja "A Capa Argentina da Rua da Matriz, se transformara num Ademir, Guaberinha, ou um Arquimedes. teria que pagar alguns mil réis ou deveria comprar para o "especialista" na quarta feira um bilhete de ingresso no cine Politeama ou no Trianon que era ainda mais caro.
Creia-me valia à pena.
Lembram-se de Arquimedes, neguinho de tez preta e brilhosa, jogador driblador e goleador de primeira classe. Ele deu vários campeonatos ao Sport e depois a outros times da cidade e também noutros Estados do nordeste.
Botão assim denominado valia mais que dois Ademir.
Depois do "tratamento e cirurgia plástica" os danados botões davam até "banho de cuia" e causavam desmoralização do adversário.
O pior eram as vaias que os espectadores davam quando estes "fenômenos" se reproduziam no meio do jogo.
Numa partida inesquecível entre Senha contra Bernardo Katz, o coitado levou logo no primeiro tempo dois "banhos de cuia", ele começou a chorar envergonhado e na vista do publico presente abandonou a cancha vaiado.
O juiz, Marleno Singer, lhe impôs uma derrota técnica de 5X0, mesmo que o jogo já estava com o placar 6X2 a favor de Senha com seu time que era danado de bom.
É bom lembrar também que ele era o dono do "campo" que tinha na sua casa. Diziam que foi a primeira mesa no Recife de tamanho oficial para este jogo. Sempre encerado, com todas as linhas demarcadas e até uma cadeira de assento alto, especial para o juiz das partidas aí realizadas.
Quando por acaso depois de alguns anos, num dos muitos torneios realizados no nosso bairro, fui campeão, ele me presenteou a tal mesa. Uma relíquia no Recife.
Neste torneio participaram Jaime Zimilis (vice-campeão), Bernardo Katz, Julio "magro", Senha (que perdeu logo no primeiro jogo e desistiu do torneio), Itiel, Zeca Guitsis, Kertzman, Vivi, Walter e outros que foram eliminados já na etapa preliminar.
Em tempo seria bom acrescentar que Roizman (o exímio jogador e especialista na criação de botões craques) não participou por estar "de mal" com Senha o dono do "estádio" até então! Tinha dessas coisas também.
Conto pra vocês que a nossa atividade com botões, às vezes nos enrascavam (complicavam na língua do povo) com familiares e alfaiatarias.
Um dia me vi em "maus lençóis" quando meus pais que estavam convidados para um casamento. Ao retirar o seu terno de casimira de três peças da naftalina, (o único que possuía), descobriu que lhe faltavam dois botões no paletó.
Ai meu Deus foi um reboliço em casa, todo mundo procurando botões parecidos ou outros 3 botões para substituir no paletó todos de uma vez. Ninguém encontrou, pois é sempre assim, quando não se quer está na cara, porem quando precisa, necas!
Até que Biu a empregada (O nome dela era Sivirina, com três i, assim ela queria, pois era procedente de Itabiriba que também tem três i), cochichou na orelha da minha mãe: 

-Dona Anna vá à caixa de botões do Paulinho, com certeza lá a senhora vai encontrar os botões que faltam no paletó de seu Maurício.
Eu tremia que nem "vara verde", pois sabia a verdade onde estavam os dois novos "atacantes" do meu time que deveriam atuar amanhã contra o time de Julio "magro" no "Estádio da Graça" (no meu campo) que era menor que o estádio oficial de Senha.
Foi "tiro e queda", lá estavam os "ditos cujos" e assim rapidinho costuraram os botões achados na caixa do time, no paletó do meu pai. Eu só faltava sentar e chorar de desgosto, até nome eles já tinham.
Meus pais foram satisfeitos para o casamento da família amiga.
Por onde passavam deixavam o rastro de fedor da naftalina e se alguém chegasse perto veria que nos dois botões estava escrito, num deles, "Tará" e no outro "Ademir". Meus dois novos atacantes que causavam inveja e admiração a todos os meus amigos agora pegados num paletó rodando pelo salão da Sociedade Israelita na Rua da Gloria. Ai mas que vergonha para os meus dois craques de grande futuro.
Foi triste, "meti rabo entre as pernas" e como castigo educacional, me mandaram dormir.
Dois botões perdidos (agora estou com o time desfalcado) e casamento agora só no sonho.
Eita merda, logo agora esse casamento, não podia ser depois de São João, nas férias escolares quando estaríamos num torneio na Madalena na casa de Isaac Gorenshtein. Lá ninguém iria procurar estes botões, porra, falta de sorte!
Mas o pior de tudo foi o desmoronamento do grande sonho que a gente planejava.
A realização de um campeonato nacional e logo depois outro mundial de "Celotex" (Jogo do Botão) em volta da fonte na Praça Maciel Pinheiro, com juízes internacionais e tudo.
Tínhamos em vista pedir ajuda financeira as lojas da praça e do comercio em geral. Falamos com a "Capa Argentina "do senhor Feldmus, ele até se propôs financiar mais 4 mesas com cavaletes para o campeonato, Fortunato Russo colocaria a disposição uma caixa cheia de botões para substitutos, caso fossem necessários, os Simis, o "Mar de Meias" a "Quatro e Quatro Cento" e até a "Casa Esporte", todas se prontificaram a ajudar.
Sonhávamos em pedir a ajuda do conceituado Sr. Moisés da Malharia Imperatriz, para que contate com Fernando Castelão da Rádio Clube de Pernambuco para que algum locutor transmitisse as semifinais e a final do campeonato nacional.
Tudo isto seria financiado através dos comerciais das varias firmas de comerciantes judeus que eram membros da Maçonaria do Recife.
A Rádio Clube era a única na cidade, assim sendo, uma boa parte de seu orçamento seria financiado divulgando estas firmas nos seus comerciais durante o mês do torneio nacional.
Meninos bestas....... Sonhávamos.... é proibido sonhar?
Tudo foi por "água abaixo" e não por roubos de botões das túnicas de nossos pais ou das alfaiatarias da cidade e sim pela chegada da televisão e todos os seus virtuais jogos infantis. Com os jogos da televisão, quem precisava mais do jogo de botão?
Ele ainda durou um tiquinho e depois logo se acabou. O mercado de "craques botões" desmoronou, vendiam botões dos melhores times da cidade pelo preço de bananas. Eu mesmo vi Moisés Roizman nos recreios no pátio do Colégio Osvaldo Cruz, vendendo seus exímios botões a preços de liquidação. Triste, mas é a pura verdade.
Eu mesmo, com pena de entregar o meu time a mãos estranhas presenteei-o ao meu irmão que atuava nos torneios da "segunda divisão" (amadores) e que ainda perdurou por algum tempo.
O jogo de botões, (Celotex) foi um componente vital na nossa vida infantil, assim como o Gibi.
Sem duvida este jogo era como hoje é o computador em si e os jogos computarizados. A meninada que já tinha este invento em casa, nem queriam saber o que foi no passado o "jogo de botão". Coisa de matuto retrogrado, sai pra lá!
O meu barbeiro da Avenida Conde da Boa Vista, o senhor Alfredo me disse quando soube que campeonato nenhum seria realizado e que o jogo de botão chegou ao seu triste fim (dizíamos, foi para o "beleleu"), me olhou com ares de pena e disse já meio abusado:

-Para de mexer com a cabeça, senão ainda te corto um pedaço da orelhia. Fica quieto troço! Mas que menino "impursivo, olhia prô espeio e nem rispira, ta? Cuide bem das oreias!!
Nós diz lá no mato: "Qui mininu capeta, não pára um minutu queto, parece que tem bicho no corpo intero"! Virge Santa Mãe.
Vô ti dizê mais uma coisa, se os mininos pelo meno num rodam em vorta da mesa jogando botão, usando as mãos impurrando com a palheta os botões em direção ao gol, podi tu ficá certo que a geração que vem, vai sê de mininu de bundão grande feito tanajura e cabeçudo feito boi Zebú, ta na cara, já viu né.

"-Concluiu o "mestre barbeiro" Alfredo.
Ele não sabia quanto de razão tinha!
Saí de lá com um sorriso amargo e com um corte de cabelo tipo "escovinha" à moda de Jack Dempsey.
Ai que malvadeza, ao sair do barbeiro com o cabelo cortado a gente era "lixado" e recebia cascudos dos amigos. Costume idiota que até hoje não entendo o porquê disso,assim como, pisar de leve no nosso sapato novo ou recém engraxado. Costumes bestas de nordestinos.
Chuviscava, o céu do Recife de cor cinzenta feito chumbo, o ar sufocante e fedia com cheiro característico quando o Gasômetro lançava a água quente das caldeiras e dejetos, no pobre Capibaribe.
Diziam que quem gozava com esta safadeza do Gasômetro eram os siris e caranguejos que sempre gostaram de viver na merda e na lama.
Com o cabelo cortado na maquina zero, a maquina era manual, arrancava mais que cortava e pelo "sofrimento", ainda pagávamos mil réis.
Depois na rua levar lixa e cascudos dos amigos no caminho de volta para casa, eu não me sentia muito melhor que os nojentos caranguejos.
Biu a empregada lá de casa estava no postigo e ao me ver perguntou preocupada:
"Ai vige, apanhaste de arguém na rua? Por que tu tá chorando menino? Vai lavar essa cara pra tua mãe não te ver assim".
-Porra Biu, tu não ta vendo que isso é da chuva, quem está chorando é Deus.

Fim
(Todos os direitos autorais registrados)
Cuide com os créditos.
P.S. Interessante saber se alguém do grupo de seguidores deste blog, algum dia no passado "jogaram botão". Pergunto só pra saber se este tema acima descrito desperta algum interesse e saudades de um tempo que éramos jovens felizes e não sabíamos. Tenho esperanças positivas, ou será que estou enganado?

01/02/2012

8 comentários:

  1. Eng.IZAIAS R.- Recife.
    DISSE:
    Paulo,
    O jogo de botões depois que vc foi embora ainda durou mais uns 15-20 anos, agora com botões feitos de chifre de boi pelos presos da Cadeia do Recife (hoje Casa da Cultura) do outro lado da Ponte Velha. Polidos, eles eram infinitamente melhores que os de baquelita (e botões de casacos) usados na sua época. Os melhores jogadores da minha época foram o falecido Israel Charifker (que tinha um time fenomenal mesmo) e Roberto Scharfshtein (Robertita ou Catita) que jogava com as duas mãos de forma brilhante. As paletas tb. eram de chifre, duráveis, mas ao longo de muitos jogos eles perdiam pedaços (eram feitos no torno) e a gente corria na detenção pra comprar mais e melhores botões e paletas (atacantes eram mais finos, beques eram mais grossos),
    a gente jogava nas mesas das casas. Eu tinha em casa uma mesa com prateleiras num dos lados, tinha tampo de fórmica e era excelente pra jogos informais.
    Nos anos 90 até hoje o futebol de botão teve épocas de renascimento e existem campeonatos estaduais e brasileiros, mas os botões de hoje são industrializados de plástico, as bolinhas são discos achatados, e as mesas se tornaram mais profissionais.

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  2. Dr. Moshe Rosenblatt Israel.
    Futebol de botão na juventude no Recife.

    Paulo Lisker
    Meu irmão também lhe escreveu sobre os botões de chifre.
    Eu como praticamente tudo o que se move com exceção de bichos nojentos, por exemplo.
    Ainda não tive oportunidade de comer todos os bichos, mas um dia chego à China ou Tailândia e vou comer cobras, escorpiões, etc.
    Sou louco varrido por caranguejos, ostras, lulas, polvos e camarões. Gosto de carne de tubarão também.
    Eu era muito menino pra gastar dinheiro com jogo-do-bicho. Preferia gastar dinheiro com picolés, etc.
    Em que ano você nasceu e em que ano deixou Recife pra fazer alia’? Veio de navio? Qual?

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  3. SEMIRA ADLER- Recife.
    DISSE:
    Amigo `Paulo,
    Que memória prodigiosa é essa que você tem?
    Nunca vi coisa igual!
    Parabéns!
    Corrija o dito e queda, que é tiro e queda.
    As acentuações que faltam, ficam por isso mesmo.
    Não tenho tempo para revisá-los.
    Meu tempo agora é para jogar baralho com meu neto.

    Um beijo,

    Semira
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    PROF.a TÂNIA NEWMAN KAUFMAN, Recife.
    DISSE:
    Está ótimo.
    Divirto-me com estas crônicas.
    Já está chegando perto a finalização de nosso portal.
    Vou então combinar com você as condições para publicarmos suas crônicas.
    Tem me dado um trabalho este projeto da modernização do museu.
    Tânia.
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    Eng.IZAIAS R.- Recife
    DISSE:

    Paulo:
    Adorei a crônica dos botões.
    No meu tempo, alem de botões de plástico, o que a gente mais usava era botões de chifres de boi, feitos por presos na casa de detenção ao lado do Capibaribe (no fim da ponte velha). Eu era um craque nesse jogo! O Senha é o Ribemboim, por acaso? E o Walter era o Dimenstein? Itiel Genes era parente meu. Morreu há uns 3 anos atrás. Em 2010 fui visitar o tumulo dele no novo cemitério da colônia de Recife.
    Eu comí tanajura frita em óleo e salgadinha. As bundinhas dessas formiguinhas são deliciosas, mas quando você as joga no azeite quente, sai um cheiro terrível. Talvez por causa do acido fórmico que elas tem em grandes quantidade.

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  4. SLUVA WAINTRAUB-Salvador, Bahia.
    DISSE:

    Paulo
    Muito bem escrita sua crônica. O jogo de botão ainda era muito comum, em Salvador, até uns 10 anos atrás. Com a epidemia de video-games e depois jogos pela internet, quase não é mais visto. Mais ainda existem jovens que gostam desta diversão.
    No parágrafo: "a empregada lá de casa estava no postigo e a me ver"
    Acho que o correto é "e ao me ver"
    Shalom, Sluva.
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    Danilo Marques/recife/chesf
    Assunto:Futebol_de botão na juventude no Recife.
    DISSE:
    Amigo,

    Esses emails me fizeram lembrar dos bons tempos em que fui "aficionado" por Jogo de Botão.
    Na minha rua, lá no bairro do Cordeiro, era uma verdadeira febre e houve uma época, até um pouco antes do vestibular ( ou seja, anos 70) em que ainda cheguei a jogar quase todo final de semana.

    Mesmo naquela época, os botões feitos na Casa de Detenção não eram os preferidos, pois perdiam em qualidade do chifre e processo de "torneamento" para aqueles feitos por "Seu Nozinho" de Paulista, de onde os botões feitos por lá passaram a ser chamados de "paulistinhas" ou "botões de Paulista".
    Eram mais caros que os da detenção e havia um comerciante lá perto do Trianon, da Casa Sertãzinha, que vendia alguns desses paulistas.

    Hoje ainda guardo com muito carinho meu time, todo de chifre e todos botões paulistas, as duas barras de "filó", com os goleiros de caixa de fósforo (c/chumbada) e as bolas que evoluíram para serem feitas de "linha de crochê". Posso até trazer tudo pra lhe mostrar.

    Tenho vontade de, aproveitando a "maré mansa" da vida em Gravatá, comprar um campo de botão e reativar a prática com meus botões de chifre, que acho muito mais legais que os modernos de acrílico (liga oficial de Futebol de Mesa).

    Aqui mesmo na Chesf, naquela famosa greve de 1990, montou-se um campo ali no hall do bloco A e a turma de Armando (esposo de Josilda) comandou um bate-bola bem legal. Mas é muito difícil, nas regras oficiais, os botões de chifre fazerem frente aos de acrílico.

    Att.

    Danilo

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  5. ZAIAS R. Recife.
    DISSE:
    Adolfo estou repassando pro Paulo Lisker (ele mora em Israel, entrem em contato pelo e-mail, if you please. Paulo, idem.).
    Ele escreveu um monte de coisas da época dele, inicio dos anos 50, é mais ou menos da sua idade.
    Ele lhe mandará para vc recordar a sua infância toda também...
    Abcs
    Izaias

    Adolfo Mathi Berditchevsky
    Para IZAIAS
    Assunto RE: Futebol de botão na juventude no Recife.
    Meu irmão Izaias,
    Posso lhe garantir que essa memória que seu amigo Paulo registrou, com maestria, fez-me chegar ás lagrimas.
    Como um video-tape passou pela minha mente a lembrança daqueles tempos, em que nos éramos felizes e nem tomávamos conhecimento disto. Também fazíamos os próprios botões, de chifres dos animais, e "tomávamos emprestados" dos paletós dos nossos parentes.
    Desde os Campos dos Goytacazes, minha cidade natal, passando por Nova Friburgo (no estado do Rio de Janeiro),a garotada azeitava seus botões,jogava em qualquer lugar,ate' o dia em que o velho amigo Américo Alves ganhou uma mesa,obra de seu irmão maior,o ex-pracinha da FEB, Antonio. Foi uma grande festa.
    "Oia", já desviei do verdadeiro assunto que queria colocar; numa de nossas viagens ao Brasil, uns bons 15 anos passados, comprei uma beleza de mesa para pratica do futebol de botão, alguns times "profissionais"(nada iguais aos meus ,fabricados por nos) e dei de presente aos meus netos israelis.
    Eles já jogavam, no piso do quarto deles, com os botões que foram de seu pai. Alegria máxima. "Inte' "a geração dos nossos filhos, brasileiros que fizeram alia', organizou um campeonato a partir daquele ano.
    Então, em Kfar Avraham, Petach Tikva, a brasileirada continua "tentada" neste esporte saudável, mesmo com botões fabricados pelos chineses.
    De os parabéns ao Paulo pelo belíssimo texto. Vou guardar inclusive os créditos.
    Abraços,
    Adolfo
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    Estimados Internautas, shalom!
    1. Alegra-me que vocês gostaram da crônica dos "botões" que fez parte de nossa infância.
    2. Ainda bem que tem uma geração que se lembra destas diversões da meninada do Recife nos anos da "onça", caso contrario para quem estas crônicas seriam direcionadas, pra ninguém!
    3. Senha é o Ribemboim.
    4. Itiel era o Bubman, menino atleta e musculoso (pena que faleceu prematuramente) não era o Genes, não era de jogar botão, estava mais empenhado nos estudos. Toda família sempre foi de muito bons alunos.
    5. Walter era o meu primo da família Ghelfond da Barão de São Borja.
    6. Você Izaias é um felizardo que chegou a comer Tanajuras. Não me lembro mais se era antes ou depois das chuvas, na época da revoada, as empregadas pegavam, fritavam e comiam. Realmente tinha mau cheiro e talvez por isso não me aventurasse para comer. Aqui em Israel provei gafanhoto em Eilat onde mora minha filha. É gostoso demais, mas nunca é como camarão.
    7. Eu ainda peguei o tempo que apareceram os botões de chifre, de plástico não. Os times de botões das roupas eram considerados da "primeira divisão", pois cada um tinha sua estória pessoal e valor segundo o "tratamento" que levou e cumpria com o que tinha que fazer no "campo". Dois Beques de chifre que comprei no mercado São José presenteei a meu irmão mais novo, para que ele formasse também seu time depois que não gostei deles no meu time.
    8. Obrigado pelos vossos amáveis comentários. Estou com vontade de escrever algo curto sobre o "jogo do bicho" e a nossa comunidade naqueles tempos. Vamos ver se a "musa" virá me visitar para dar incentivo.
    Shalom e muito agradecido.
    PAULO.

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  6. SRAEL COSLOVSKY- São Paulo.
    DISSE:
    PAULO,
    MUITO BOM, SEM COMENTARIOS.UM ABRAÇO.
    ISRAEL - NECO
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    Sra. Conceição Pazzola disse...
    Era uma festa lá em casa quando os meninos se juntavam em torno da mesa pra jogar botão.
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    Blogger Alberto Félix disse...
    PAULO, FALEI COM CLOVIS HOJE PELA MANHA, TEUS TEXTOS SAO OTIMOS E GOSTOSOS DE LER.
    MANDE NOTICIAS DO FUTEBOL! EM ISRAEL, TEM UMA COBRA CORAL POR AI? UM CLUBE QUERIDO DA MULTIDÃO!
    -------------------------------------

    JARBAS K. Recife.
    DISSE:

    Isinho,
    Morávamos na Praça Chora Menino, Tínhamos, na copa, uma mesa branca, na qual papai pintou um campo de futebol. Nessa mesa, eu, Jair, Sérgio Kano e outros, costumávamos fazer nossos jogos de botão. Meu primo, Gerson Rissin (Grisha), nos introduziu nessa brincadeira. Ele tinha um time de botões de chifre, provavelmente comprados na Detenção, e era, para nós, invencível.
    Montei o meu time comprando os botões de chifre na Detenção para a defesa e alguns, atacantes, de baquelite, num pequeno espaço que ficava entre os cinemas Art Palácio e Trianom. Um dos de baquelite era o meu craque, e foi batizado com o nome de Dé (era um artilheiro do Sport dos anos 60. Aliás, todos meus botões tinham o nome dos jogadores do Sport na época: Bria, Traçaia, Naninho, Djalma, etc.). Eu guardava meus "onze craques" numa flanela azul, costurada por minha mãe, com casinhas onde "concentrava" os botões. Antes dos jogos, eu costumava passar na base deles cera de vela. Depois, os esfregava na própria concentração, que era para que eles escorregassem melhor. Semanalmente passava lâmina de gilete nas partes que friccionavam na mesa que era para tirar a sujeira acumulada e facilitar o escorregão sobre a mesa. As balizas eram semelhantes às verdadeiras, com um filó fazendo às vezes das redes, e o goleiros, caixas de fósforos com chumbo dentro. Nossos campeonatos aconteciam aos sábados à tarde e lembro que "Matraca" e "Catita" , convidados através amigos, não vieram disputar comigo e Sérgio uma "peleja-desafio". As bolas eram de miolo de pão e tínhamos que ter muita técnica para controlá-las. Não tinha limite de toques na bola e, antes de chutar a gol a gente dizia "coloque" que era para o adversário ajeitar como quisesse o goleiro. Os jogos tinham tempos variáveis, acertados de comum acordo entre os adversários, e fazíamos, até, o torneio início.
    Naquela época Sérgio era como se fosse meu irmão de sangue, sempre estávamos juntos, um na casa do outro. Não sei se o Sérgio lembra desses detalhes....

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  7. Valdez Cavalcanti disse...
    Fomos campeões nacionais de duplas, num torneio realizado em Salvador. Ali conheci pessoalmente Chico Buarque que também participou do evento. O campo oficial era feito de uma folha inteira de compensado de 2,20 x 2,00. Os botões feitos, de preferência, de vidro de avião.

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  8. Germano Haiut Recife
    Ator de teatro e cinema
    DISSE:
    Germano Haiut
    Mar 31 (12 days ago)

    to me
    Paulo , maravilha a crônica botões joguei muito e minha formação intelectual foi GIBI.
    Mauricio Dimenstein era o dono da Capa Argentina em frente ao sr Feldmus.
    Abraço forte.

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