IL DE 2013
O sítio encantado - Parte III
O SÍTIO ENCANTADO - Parte 3
Paulo Lisker, de Israel
O pessoal nas épocas propícias plantava milho, coentro, salsa e outros condimentos de cheiro, macaxeira, aipim, oiti coró, jerimum, chuchu e outros que já não me lembro mais.
Os cajueiros e carambolas (verde e amarela) foram plantadas pelos Ramos, não eram uma herança da mata.
Os cajueiros produziam uma enorme quantidade de frutos, a maioria caia no chão, outros poucos eram colhidos a mão por dona Cármen e as meninas e desses faziam refresco (cajuína) e "passa de caju" (cem vezes mais saboroso que qualquer passa de outra fruta). O resto era apanhado para queimar e produzir castanha.
Não me lembro o mês, porém todo o Recife respirava durante dias o perfume que emanava da queima das castanhas de caju e nossa casa encostada ao sitio tínhamos a sorte de sermos privilegiados com este cheirinho gostoso e meio doce no ar que respirávamos no bairro da Boa Vista, no Recife.
Foi lá que aprendi o nome das chuvas e chuviscos (chuva da manga, chuva das laranjeiras que se não vem em tempo a fruta fica completamente seca por dentro, chuva da jaca e fruta pão, etc). Havia esta crença, que tinha chuva para toda fruta, pois Deus é brasileiro, não é?
Foi lá também que aprendi a diferenciar as diversas espécies de passarinhos (canários, rolinhas, joão-de-barro, azulão, pintassilgo, galo de campina e outros mais).
A passarada era tal pela manhã cedinho, que ninguém precisava de despertador para acordar cedo.
Um verdadeiro concerto harmônico realizado pelos passarinhos e os mais madrugadores eram os galos carijó, antecipando os passarinhos pelo menos por meia hora.
O cacarejar dos galos pela manhã cedinho era um verdadeiro dialogo cantado pelos galos de toda a redondeza.
Começavam os do sítio e logo respondiam na mesma moeda os galos do quintal de seu Lopes, se seguia os do seu Armindo (que o chamavam de "Ventola do sorvete"), não ficavam devendo os do quintal da Funerária Agra, os do quintal da família Katz da rua da Conceição!
Tem quem diz que esta cantoria ia para muito longe, participavam os galos da casa de Senha na Avenida Conde da Boa Vista, ia até as casas no Parque 13 de Maio, de lá chegava até o bairro de Santo Amaro e mais pra lá.
Imaginem o Recife todo despertando pela manhã com o "cântico dos cânticos" dos galos valentes da cidade!
Os meninos do senhor Ramos sabiam assobiar os cantos dos diversos pássaros, a ponto de imitá-los e a passarada respondia a cada assobio, como se estivessem dialogando. Uma beleza ímpar!
Mas quem fazia isto melhor de todos, eram os dois papagaios de dona Carmen que imitavam os cânticos dos diversos passarinhos a um nível de perfeição imbatível.
Depois do "concerto" dos papagaios, eles começavam a "gritar" CAFÉ,CAFÉ, CAFÉ... possivelmente sentindo o aroma do café preparado de manhã por dona Carmen para o pessoal da família, que já as 7 horas estariam todo desajunados, cada qual para sua faina diária.
Ao anoitecer saíam das suas tocas, nuvens de morcegos para apanhar frutas, me lembro que alguns pares deles viviam no sótão de nosso casarão. Eu tinha um medo danado desses "vampiros", pois diziam os "entendidos" na matéria que eles "chupam" sangue da gente e causam doenças que não tem cura!
A meninada ao ver a voarada de morcegos soltando aquele silvo agudo (dizem que é o radar natural desses "bichos voadores"), saia correndo para dentro de qualquer lugar fechado para se proteger dos morcegos que segundo crença popular, gostam de se emaranhar nos cabelos da gente.
O espetáculo durava não mais de um quarto de hora e os morcegos com as frutas roubadas desapareciam como por encanto, aí a meninada saia dos esconderijos e voltava a brincar no sítio.
Fim da terceira parte de quatro do "SÍTIO ENCANTADO".
Todos os direitos autorais registrados
Os cajueiros e carambolas (verde e amarela) foram plantadas pelos Ramos, não eram uma herança da mata.
Os cajueiros produziam uma enorme quantidade de frutos, a maioria caia no chão, outros poucos eram colhidos a mão por dona Cármen e as meninas e desses faziam refresco (cajuína) e "passa de caju" (cem vezes mais saboroso que qualquer passa de outra fruta). O resto era apanhado para queimar e produzir castanha.
Não me lembro o mês, porém todo o Recife respirava durante dias o perfume que emanava da queima das castanhas de caju e nossa casa encostada ao sitio tínhamos a sorte de sermos privilegiados com este cheirinho gostoso e meio doce no ar que respirávamos no bairro da Boa Vista, no Recife.
Foi lá que aprendi o nome das chuvas e chuviscos (chuva da manga, chuva das laranjeiras que se não vem em tempo a fruta fica completamente seca por dentro, chuva da jaca e fruta pão, etc). Havia esta crença, que tinha chuva para toda fruta, pois Deus é brasileiro, não é?
Foi lá também que aprendi a diferenciar as diversas espécies de passarinhos (canários, rolinhas, joão-de-barro, azulão, pintassilgo, galo de campina e outros mais).
A passarada era tal pela manhã cedinho, que ninguém precisava de despertador para acordar cedo.
Um verdadeiro concerto harmônico realizado pelos passarinhos e os mais madrugadores eram os galos carijó, antecipando os passarinhos pelo menos por meia hora.
O cacarejar dos galos pela manhã cedinho era um verdadeiro dialogo cantado pelos galos de toda a redondeza.
Começavam os do sítio e logo respondiam na mesma moeda os galos do quintal de seu Lopes, se seguia os do seu Armindo (que o chamavam de "Ventola do sorvete"), não ficavam devendo os do quintal da Funerária Agra, os do quintal da família Katz da rua da Conceição!
Tem quem diz que esta cantoria ia para muito longe, participavam os galos da casa de Senha na Avenida Conde da Boa Vista, ia até as casas no Parque 13 de Maio, de lá chegava até o bairro de Santo Amaro e mais pra lá.
Imaginem o Recife todo despertando pela manhã com o "cântico dos cânticos" dos galos valentes da cidade!
Os meninos do senhor Ramos sabiam assobiar os cantos dos diversos pássaros, a ponto de imitá-los e a passarada respondia a cada assobio, como se estivessem dialogando. Uma beleza ímpar!
Mas quem fazia isto melhor de todos, eram os dois papagaios de dona Carmen que imitavam os cânticos dos diversos passarinhos a um nível de perfeição imbatível.
Depois do "concerto" dos papagaios, eles começavam a "gritar" CAFÉ,CAFÉ, CAFÉ... possivelmente sentindo o aroma do café preparado de manhã por dona Carmen para o pessoal da família, que já as 7 horas estariam todo desajunados, cada qual para sua faina diária.
Ao anoitecer saíam das suas tocas, nuvens de morcegos para apanhar frutas, me lembro que alguns pares deles viviam no sótão de nosso casarão. Eu tinha um medo danado desses "vampiros", pois diziam os "entendidos" na matéria que eles "chupam" sangue da gente e causam doenças que não tem cura!
A meninada ao ver a voarada de morcegos soltando aquele silvo agudo (dizem que é o radar natural desses "bichos voadores"), saia correndo para dentro de qualquer lugar fechado para se proteger dos morcegos que segundo crença popular, gostam de se emaranhar nos cabelos da gente.
O espetáculo durava não mais de um quarto de hora e os morcegos com as frutas roubadas desapareciam como por encanto, aí a meninada saia dos esconderijos e voltava a brincar no sítio.
Fim da terceira parte de quatro do "SÍTIO ENCANTADO".
Todos os direitos autorais registrados

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