Recife dos boatos no principio do seculo XX Foto Google-Internet
sexta feira, 24-12-2010, 10h. 30m
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No Tempo dos Boatos que corriam no Recife "Matuto".
(Parte 1 de 3)
Tema: "A DROGA MILAGROSA"
Crônica de PAULO LISKER
Crônica de PAULO LISKER
Israel
Tudo isso aconteceu no tempo em que os boatos no Recife eram muito mais velozes que qualquer outro meio de comunicação de massas.
Vale a pena relatar este fato que deixou a colônia judaica por um lado muito preocupada, porém, por outro lado, o desfeche foi totalmente satisfatório, para todos os envolvidos no caso.
Que esta estória tem um núcleo verdadeiro, não tenham duvida nenhuma.
O acontecido correu de ponta a ponta da nossa comunidade e dizem que chegou como é muito próprio dos judeus, a Estados vizinhos e até no exterior do Brasil se comentou o fato como um acontecimento verdadeiro que não precisa ser comprovado, pois é um axioma.
Minha intenção primeira era relatar sobre o uso da "medicina de quintal" (Já publicadas no passado em dois capítulos neste blog), a tal medicina não convencional, que muito prosperava no Recife nas primeiras décadas do século passado (quem sabe hoje também é assim).
A tal "medicina de matinhos, chazinhos, bruxarias, rezas, sopros, etc.", que era usada amplamente pela população local, lógico que com o tempo foi também amplamente absorvida pela colônia israelita (a influencia das empregadas domesticas que se curavam desse jeito e aconselhavam as amigas e as patroas).
E dois motivos mais, a saber:
Primeiro:
Também na Europa naquela época, nas pequenas aldeias ( em iídiche, kleine shteitalach) de onde procedia a grande parte desta leva de imigrantes que abordou no Recife, esta era a medicina que conheciam e, mormente a usavam como "pau pra toda obra", (para todas as doenças).
Até meu pai, mesmo depois de anos no Recife, tinha o costume (talvez um dos últimos que trouxe da Ucrânia), em secar as sobras de casca de maçã no sol nosso quintal.
Frequentemente usava estas cascas secas, para o seu chá!
Em toda oportunidade me dizia quando menino: "isto é muito bom para azia", quando for homem, vais entender.
Segundo:
Segundo:
O íntimo relacionamento dos judeus com a população local (Goim, cristãos), que, mormente utilizava este "método de cura" com os matinhos sem usar remédios engarrafados e comprados na farmácia. Era uma solução barata, inofensiva, que vegetava nos sítios e lugares ermos da cidade ainda sem o ritmo absurdo da urbanização e modernização atual, então por que não abraça-la com as duas mãos? É juntar o útil ao agradável.
Pelo menos nisso havia uma completa identidade entre o usado pelos judeus e não judeus, nas pequenas aldeias do leste europeu e a população "Goi" da pantanosa, atrasada e acometida de constantes "cheias" (inundações) da "vila" do Recife.
Fantástico, como na aritmética que estudávamos no colégio iídiche na Rua da Gloria: "O mesmo denominador comum", mesmo que as "tecnologias" eram provenientes de dois pontos extremos do mundo. Bravo!Porém este tema da "medicina do fundo do quintal", ficará para outra oportunidade, se Deus quiser.
Este que tecerei hoje tem a ver com um verdadeiro milagre da medicina convencional, dos bons médicos brasileiros e das medicinas provenientes de laboratórios e não de "Benzedoras e matinhos" de quintal. O tema desta crônica começa com a complicação mèdica num parto.
Dona Blima, jovem, esposa do senhor Aldo Dario foi levada normalmente para a maternidade para dar a luz do seu primogênito.
A coisa se complicou, a criança sofreu por um ou dois minutos falta de oxigênio por ter o cordão umbilical envolto ao seu pescoço.
Os médicos logo diagnosticaram que o recém-nascido sofreria para o resto da vida de uma "ligeira lezeira" (retardado), mas isto não era nada em relação à situação de dona Blima que no parto sofreu cortes e dezenas de pontos!
Dona Blima, jovem, esposa do senhor Aldo Dario foi levada normalmente para a maternidade para dar a luz do seu primogênito.
A coisa se complicou, a criança sofreu por um ou dois minutos falta de oxigênio por ter o cordão umbilical envolto ao seu pescoço.
Os médicos logo diagnosticaram que o recém-nascido sofreria para o resto da vida de uma "ligeira lezeira" (retardado), mas isto não era nada em relação à situação de dona Blima que no parto sofreu cortes e dezenas de pontos!
O organismo não reagiu normalmente como em casos parecidos e, uma forte infecção que se alastrou pelo corpo todo, acompanhado com alta febre.
Os órgãos internos do organismo dela estavam em perigo de débâcle e sem duvida em pouco tempo levaria à morte da jovem parturiente.
Os médicos chamaram a família para pôr a par da situação caótica que se formara.
Foi uma verdadeira surpresa para os entes familiares.
A gestação fora normal, todo tempo acompanhada pelo seu medico ginecologista o doutor Estevão Braga. Então o que se complicou desse jeito?
Caso fosse com uma parteira, comentavam, sem condições de higiene, ainda se poderia chegar a uma situação como esta, porem numa maternidade de renome, atendida por médicos particulares era inexplicável!
A junta medica formada às pressas pelo hospital, mais o medico particular da senhora Blima, tentaram explicar, porem não tinha quem ouvisse as "cientificas teorias" do acontecido.
O recém nascido seria "excepcional" e necessitaria para o resto da vida apoio de outrem, porém o pior, a jovem mãe a beira da morte.
Foi muita choradeira, soluços, e gritos de desespero.
As pressas foi convidado para um concilio, o melhor medico especialista em casos desta natureza, o doutor César Brimdelinho.
Depois de estudado todos os detalhes do caso na reunião, a junta medica uniu-se aos familiares para comunicar o desenrolar do acontecido e deram a entender, que não sobrava muito tempo.
Propunham que seria de bom proveito, estar com ela nas ultimas horas, para se despedir.
Muito não poderia ajudar, pois dona Blima estava em estado de coma, era mais para um mínimo conforto espiritual!
Propunham que seria de bom proveito, estar com ela nas ultimas horas, para se despedir.
Muito não poderia ajudar, pois dona Blima estava em estado de coma, era mais para um mínimo conforto espiritual!
Um dos médicos perguntou se não seria bom convidar um padre para realizar a "Extrema Unção", como é de praxe usado nestes casos.
Dona Henie, a prima de dona Blima, explicou entre choro e soluços:
- Que padre coisa nenhuma, nós somos judeus!
Entretanto os médicos da maternidade prometeram que fariam todo o possível, nesta situação caótica, e tentariam manter os órgãos vitais da paciente, em funcionamento da melhor maneira possível.
O Dr. Brimdilinho, que foi convidado para dar seu parecer, acrescentou nesta oportunidade, que leu uma informação publicada recentemente numa revista medica profissional e que versava sobre uma droga que no Brasil ainda não era conhecida. Porem nos Estados Unidos da América está causando um sucesso nos experimentos com enfermos com infecções altamente virulentas e sem cura possível!
O êxito de momento, já alcança uns 80%, salvando vidas que sem ela, estariam condenados à morte.
Os outros médicos da junta receberam surpresos a novidade medica, sem acrescentar uma palavra adicional.
Problema de dinheiro não existia, a família era rica e seu Dario Aldo era dono em sociedade com seus três irmãos, da maior loja de eletrodomésticos da cidade.
Agora só restava um "pequeno" problema como trazer a droga para o Brasil, e que chegasse o mais rápido possível à maternidade do Derby no Recife.
Como deveriam agir para conseguir o consentimento dos ianques para trazer esta "droga milagrosa", custe o que custar!
O Dr. Brimdilinho, que foi convidado para dar seu parecer, acrescentou nesta oportunidade, que leu uma informação publicada recentemente numa revista medica profissional e que versava sobre uma droga que no Brasil ainda não era conhecida. Porem nos Estados Unidos da América está causando um sucesso nos experimentos com enfermos com infecções altamente virulentas e sem cura possível!
O êxito de momento, já alcança uns 80%, salvando vidas que sem ela, estariam condenados à morte.
Os outros médicos da junta receberam surpresos a novidade medica, sem acrescentar uma palavra adicional.
Problema de dinheiro não existia, a família era rica e seu Dario Aldo era dono em sociedade com seus três irmãos, da maior loja de eletrodomésticos da cidade.
Agora só restava um "pequeno" problema como trazer a droga para o Brasil, e que chegasse o mais rápido possível à maternidade do Derby no Recife.
Como deveriam agir para conseguir o consentimento dos ianques para trazer esta "droga milagrosa", custe o que custar!
Então as carreiras prepararam na maternidade um minucioso laudo medico, ademais acoplaram um pedido muito especial no qual solicitavam receber para um caso de extrema urgência, "salva vida", de uma jovem senhora que o parto se complicou, as unidades necessárias da nova droga e as recomendações técnicas de como usar o tal remédio milagroso, a Penicilina.
Ademais prometiam enviar todo e qualquer relatório de acompanhamento medico da paciente, que exigissem as entidades americanas.
Toda esta papelada estava em português, aí chamaram um jovem medico o doutor Jorge Zucherman do berçário no terceiro andar da maternidade.
Este moço tinha chegado ultimamente de um estagio de dois anos em Boston e tinha um inglês de primeira.
Depois de meia hora já estava tudo traduzido para o inglês. Fizeram as ultimas correções e datilografaram em papel oficial com o emblema da maternidade, as assinaturas dos médicos reconhecidas pelo tabelião, o Licenciado senhor Melânio Tiburcio, que foi trazido às pressas para a maternidade, especialmente para tal missão.
Tudo estava pronto, agora chegou à hora da "onça beber água" (agir com rapidez).
Como fazer que a "montanha venha a Alá", ou em idioma de gente, como levar a papelada para América, imediatamente adquirir "a droga" e trazer-la de volta ao Brasil e sem perder tempo algum, começar a injeta-la na dona Blima, para salva-la de morte certa.
Ademais prometiam enviar todo e qualquer relatório de acompanhamento medico da paciente, que exigissem as entidades americanas.
Toda esta papelada estava em português, aí chamaram um jovem medico o doutor Jorge Zucherman do berçário no terceiro andar da maternidade.
Este moço tinha chegado ultimamente de um estagio de dois anos em Boston e tinha um inglês de primeira.
Depois de meia hora já estava tudo traduzido para o inglês. Fizeram as ultimas correções e datilografaram em papel oficial com o emblema da maternidade, as assinaturas dos médicos reconhecidas pelo tabelião, o Licenciado senhor Melânio Tiburcio, que foi trazido às pressas para a maternidade, especialmente para tal missão.
Tudo estava pronto, agora chegou à hora da "onça beber água" (agir com rapidez).
Como fazer que a "montanha venha a Alá", ou em idioma de gente, como levar a papelada para América, imediatamente adquirir "a droga" e trazer-la de volta ao Brasil e sem perder tempo algum, começar a injeta-la na dona Blima, para salva-la de morte certa.
(não esqueçam que naquele tempo a penicilina era liquida, conservada em frio e injetada no paciente, cada 4 horas).
Meu Deus, como se faz isto!
Como sempre, nas situações mais complicadas que ocorriam na colônia israelita do Recife, o primeiro endereço para se pedir socorro era o senhor Moisés Schwartz. Um verdadeiro "manda-chuvas", estava metido em tudo, conhecia a todos, não existia uma entidade ou instituição israelita que esta personalidade não tivesse metida e sempre tinha o que dizer.
Ele era dono da "Malharia Imperatriz", situada na rua do mesmo nome e a maior do Recife.
Homem de posse, filantropo, sem muita escolaridade e chegou ao Recife como diziam os que tinham inveja dele e os gozadores da época: "veio com uma mão na frente e a outra atrás"!
Outros sarcásticos acrescentavam: "veio puxando uma cachorrinha", para fazer saber que ele chegara ao Recife na "estaca zero", ele e os molambos de inverno que levava sobre o corpo.
Começou do nada, ficou rico, chegou a ser o dirigente incontestável da colônia israelita por muitos anos.
Outros sarcásticos acrescentavam: "veio puxando uma cachorrinha", para fazer saber que ele chegara ao Recife na "estaca zero", ele e os molambos de inverno que levava sobre o corpo.
Começou do nada, ficou rico, chegou a ser o dirigente incontestável da colônia israelita por muitos anos.
Depois que tragicamente faleceu na mesa de cirurgia ao submeter-se a uma simples operação de "catarata", o Colégio Hebreu Israelita teve a honra de acrescentar seu nome e assim é o colégio conhecido até hoje em dia.
Nada melhor que o apoio de um homem deste quilate para tal façanha tão complicada.
Nada melhor que o apoio de um homem deste quilate para tal façanha tão complicada.
O grupo saiu na máxima velocidade da maternidade, pegaram o primeiro carro de aluguel (assim chamavam o Táxi, no Recife).
Chegaram na malharia, a secretaria dona Amélia até ficou espantada com tanta gente com a cara, de quem viu fantasmas!
Perguntou se vieram para alguma reunião com o senhor Schwartz sem marcar data nem hora? Ela achava que não seria fácil, pois hoje ele está muito ocupado (como sempre os donos estão eternamente ocupados).
Senhor Aldo pediu, por favor, para que ela entrasse no escritório do chefe e lhe dissesse só duas palavra:
Chegaram na malharia, a secretaria dona Amélia até ficou espantada com tanta gente com a cara, de quem viu fantasmas!
Perguntou se vieram para alguma reunião com o senhor Schwartz sem marcar data nem hora? Ela achava que não seria fácil, pois hoje ele está muito ocupado (como sempre os donos estão eternamente ocupados).
Senhor Aldo pediu, por favor, para que ela entrasse no escritório do chefe e lhe dissesse só duas palavra:
-"BRIDER, GUIVALD", (IRMÃO, SOCORRO, em Iídiche), nada mais!
Assim fez dona Amélia e em um minuto depois estava de volta, branca "que nem cal" segurava a maçaneta da porta entreaberta e quase sem voz sussurrou:
-Entrem, entrem ele os receberá imediatamente.
Assim fez dona Amélia e em um minuto depois estava de volta, branca "que nem cal" segurava a maçaneta da porta entreaberta e quase sem voz sussurrou:
-Entrem, entrem ele os receberá imediatamente.
Contaram o acontecido ao senhor Schwartz, da situação caótica e do perigo de vida que está atravessando a esposa do senhor Aldo, com certeza resultado de "um mau olhado" (fin a shlechter oig em Iídiche).
Na comunidade judaica no mundo todo, não só no Recife, muitos problemas de saúde relacionavam com "um mau olhado".
Agora, seja a causa que fosse necessitavam urgentemente de senhor Moisés Schwartz, "eine eitze"! (uma solução ou sugestão).
-Desembuche logo seu Aldo. Diz o senhor Schwartz!
Agora, seja a causa que fosse necessitavam urgentemente de senhor Moisés Schwartz, "eine eitze"! (uma solução ou sugestão).
-Desembuche logo seu Aldo. Diz o senhor Schwartz!
E como a situação não fosse desesperadora comentou com o resto do grupo presente:
-Este senhor eu conheço desde menino, filho dos falecidos Raitfeld, era traquino danado!
Ele e outros moleques da rua viviam atirando pedras nas vidraças da igreja no Largo da Santa Cruz. Mais de uma vez eu tive que falar com o delegado João Coutinho da delegacia do Aragão pra não castiga-los quando a guarda civil os pegava com os bodoques nos bolsos e "a mão na moita" (fazendo traquinagem em lugar publico).
Bem, mas isto hoje é coisa fútil, diga logo em que posso ajudar!
Estou a vossa inteira disposição...
Com a voz embargada falou o senhor Aldo Dario:
-Este senhor eu conheço desde menino, filho dos falecidos Raitfeld, era traquino danado!
Ele e outros moleques da rua viviam atirando pedras nas vidraças da igreja no Largo da Santa Cruz. Mais de uma vez eu tive que falar com o delegado João Coutinho da delegacia do Aragão pra não castiga-los quando a guarda civil os pegava com os bodoques nos bolsos e "a mão na moita" (fazendo traquinagem em lugar publico).
Bem, mas isto hoje é coisa fútil, diga logo em que posso ajudar!
Estou a vossa inteira disposição...
Com a voz embargada falou o senhor Aldo Dario:
- Precisamos trazer um remédio da América, mas esta encomenda tem que sair ainda hoje de lá e já amanhã deverá estar na maternidade para começar a ser injetado na minha esposa, que como lhe relatamos , está à beira da morte.
Senhor Schwartz limpou as lentes grossas dos óculos, perguntou pelo recém-nascido, se está sendo cuidado por alguém da família, perguntou se tem os dólares necessários (Calculavam em cinco mil dólares, era mais ou menos quanto isso poderia custar, uma fortuna nos valores daquela época).
Caso não tenham os dólares, continua ele, vão ao "Banco Cooperativo" da comunidade, pois para isso exatamente ele existe, dar soluções nas "horas de aperto" na comunidade.
Falem com senhor Averbuch do banco ele receberá os contos de réis de vocês, fará o trâmite com os cambistas honestos da cidade, lembre a ele do senhor Berglass que é um cambista mais honesto que o Grão Rabino da "Terra Santa" (isto para evitar notas falsas) e em meia hora estará os dólares oficiais com nota de compra e tudo mais, em vossas mãos.
Levem este "tsetele" (bilhetinho ou notinha) e o demais deixem comigo, eu tenho gente que me deve favores na Panair e na Varig e eles me farão este "favorzinho" de comprar e trazer o tal remédio na América e amanhã mesmo no primeiro vôo, estará aqui, se Deus quiser.
Falem com senhor Averbuch do banco ele receberá os contos de réis de vocês, fará o trâmite com os cambistas honestos da cidade, lembre a ele do senhor Berglass que é um cambista mais honesto que o Grão Rabino da "Terra Santa" (isto para evitar notas falsas) e em meia hora estará os dólares oficiais com nota de compra e tudo mais, em vossas mãos.
Levem este "tsetele" (bilhetinho ou notinha) e o demais deixem comigo, eu tenho gente que me deve favores na Panair e na Varig e eles me farão este "favorzinho" de comprar e trazer o tal remédio na América e amanhã mesmo no primeiro vôo, estará aqui, se Deus quiser.
O pagamento do transporte e a gorjeta ao comandante de bordo, ficarão por minha conta, estão ouvindo?
Já agora mesmo pedirei a minha secretaria que ligue para Beje que agora é figurão na Varig e falarei com ele sobre esta "tzure" (complicação, em iídiche), que temos que resolver com urgência.
Contem comigo, vai firme Sr. Aldo!
Contem comigo, vai firme Sr. Aldo!
E como sempre ele terminava os encontros com amigos, com a frase que já tinha ficado celebre em todo o Recife social e comercial:
-Quem mande aqui soi yoo e quero ver quem reclames!Dever-se-á em tempo relatar que estes aeroplanos transatlânticos, saiam do sul do país ou de Buenos Aires, faziam escala no Recife, abasteciam e trocava toda equipe de bordo. Aí entrava Beje em ação ou outros da equipe de bordo que deviam favores ao excelentíssimo senhor Moisés.
Assim que o grupo saiu, ele mesmo discou para alguém de uma dessas companhias aéreas*, (me contou dona Amélia), a conversa foi demorada, pois nunca ninguém fez algo assim, ainda mais trazer um remédio que ainda está em fase experimental.
Mas no final, quem pode com o senhor Moisés, ficou tudo combinado.
Assim funcionou esta missão impossível.
Acertaram que o comandante a bordo, ou co-piloto, que eram "amigos de casa" do senhor Moisés nas festas judaicas, seriam os encarregados desta missão. Beje receberia o dinheiro e toda papelada medica daqui, números de telefones dos lideres da comunidade e até de congressistas judeus, caso a missão se complicasse.
Não vou entrar em detalhes como a coisa foi "enrolada"(mais que complicada), nos Estados Unidos, isto são outros "quinhentos mil réis".
Foi necessário "mexer os pauzinhos" (fazer o impossível), com dirigentes das comunidades judaicas em Miami e Nova Iorque, senadores judeus, gente graúda mesmo, telefonemas de dia e de madrugada, para pressionar e conseguir o "diabo dessa droga milagrosa" no mesmo dia, para o vôo de amanhã para o Brasil.
Outro problema foi que os cinco mil dólares não foram o suficiente para um "negocio da China" dessa envergadura.
Assim que o grupo saiu, ele mesmo discou para alguém de uma dessas companhias aéreas*, (me contou dona Amélia), a conversa foi demorada, pois nunca ninguém fez algo assim, ainda mais trazer um remédio que ainda está em fase experimental.
Mas no final, quem pode com o senhor Moisés, ficou tudo combinado.
Assim funcionou esta missão impossível.
Acertaram que o comandante a bordo, ou co-piloto, que eram "amigos de casa" do senhor Moisés nas festas judaicas, seriam os encarregados desta missão. Beje receberia o dinheiro e toda papelada medica daqui, números de telefones dos lideres da comunidade e até de congressistas judeus, caso a missão se complicasse.
Não vou entrar em detalhes como a coisa foi "enrolada"(mais que complicada), nos Estados Unidos, isto são outros "quinhentos mil réis".
Foi necessário "mexer os pauzinhos" (fazer o impossível), com dirigentes das comunidades judaicas em Miami e Nova Iorque, senadores judeus, gente graúda mesmo, telefonemas de dia e de madrugada, para pressionar e conseguir o "diabo dessa droga milagrosa" no mesmo dia, para o vôo de amanhã para o Brasil.
Outro problema foi que os cinco mil dólares não foram o suficiente para um "negocio da China" dessa envergadura.
Telegramas pra cá e pra lá, no fim das contas, mais dois mil dólares emprestou um "gvir" (ricaço) religioso ortodoxo de Manhattam, sem data para devolução, pois no judaísmo se diz: "Quem salva uma alma é como se salvasse todo o universo".
Graças a Deus (e outros envolvidos), no fim deu tudo certo e as milhares de unidades de Penicilina em embalagens refrigeradas foram "adquiridas legalmente" e chegaram no Recife no dia seguinte. Missão cumprida!!!
No "campo de aviação do Ibura" (assim era naquele tempo denominado o aeroporto Guararapes do Recife), estavam, o senhor Schwartz com seu carro preto (parecia aqueles carros do Al Capone da máfia italiana na América), o Secretario da Saúde Dr.Olavo Cavalheira, e outras figuras do governo local, atendendo ao pedido de ajuda.
Tudo isso para livrar a "mercadoria" da burocracia alfandegária e não perder tempo!
Os trâmites burocráticos na alfândega no "campo de aterrizagem" do Recife eram mesmo uma coisa seria.
Graças a Deus (e outros envolvidos), no fim deu tudo certo e as milhares de unidades de Penicilina em embalagens refrigeradas foram "adquiridas legalmente" e chegaram no Recife no dia seguinte. Missão cumprida!!!
No "campo de aviação do Ibura" (assim era naquele tempo denominado o aeroporto Guararapes do Recife), estavam, o senhor Schwartz com seu carro preto (parecia aqueles carros do Al Capone da máfia italiana na América), o Secretario da Saúde Dr.Olavo Cavalheira, e outras figuras do governo local, atendendo ao pedido de ajuda.
Tudo isso para livrar a "mercadoria" da burocracia alfandegária e não perder tempo!
Os trâmites burocráticos na alfândega no "campo de aterrizagem" do Recife eram mesmo uma coisa seria.
Porem tudo correu as mil maravilhas (com a presença do secretário da saúde), livraram a "caixa refrigerada", meteram no carro do secretario, dois motociclistas da policia do transito na frente e a toda velocidade para a maternidade, que não ficava muito longe de lá.
Fim da primeira parte da croniqueta "A DROGA MILAGROSA".
Todos os direitos autorais reservados.
Cuidem com os créditos
Fim da primeira parte da croniqueta "A DROGA MILAGROSA".
Todos os direitos autorais reservados.
Cuidem com os créditos