No Tempo dos Boatos que corriam no Recife "Matuto".
(Parte 2 de 3)
Tema: "A DROGA MILAGROSA"
Crônica de PAULO LISKER
Crônica de PAULO LISKER
Israel
Ao chegar o medicamento na maternidade foi uma verdadeira festa e muita alegria por parte do corpo médico.
O Diretor pediu que guardassem sigilo, pois toda esta "odisséia" não foi muito "católica" (feita por "caminhos tortuosos" e não muito legais).
O Diretor pediu que guardassem sigilo, pois toda esta "odisséia" não foi muito "católica" (feita por "caminhos tortuosos" e não muito legais).
Mas nesse jogo para salvar a nossa paciente, vale tudo!
O pessoal médico concordou e nada foi parar nos jornais da cidade ou na Radio Clube de Pernambuco.
O pessoal médico concordou e nada foi parar nos jornais da cidade ou na Radio Clube de Pernambuco.
Começou o tratamento e para encurtar a historia (fato que aconteceu e não invenção), dona Blima recebeu uma quantidade galopante da tal penicilina. Depois de uma semana, já se via sensível melhora e depois de duas semanas comia comida sólida, daí para adiante entrou num período de convalescença e após 20 dias, deixou o hospital, "novinha em folha" porém infelizmente sem a possibilidade de uma nova gestação e o seu filho considerado "excepcional" sem esperanças de voltar a normalidade e deveria estar baixo cuidados de outrem para o resto da vida.
Um êxito espetacular, o corpo médico feliz da vida, todo a maternidade vibrava! Vamos pressionar para trazer esta Penicilina agora e já!
O Brasil está carente em medicina e remédios deste quilate, não é mesmo? Dizia um medico para os outros, todos concordavam balançando a cabeça em sinal de acordo.
Enviaram por carta oficial registrada e expressa todo o laudo médico, exames efetuados etc., para o famoso hospital A. Einstein na América, que colaborou discretamente para o desfecho exitoso desta missão.
Enviaram por carta oficial registrada e expressa todo o laudo médico, exames efetuados etc., para o famoso hospital A. Einstein na América, que colaborou discretamente para o desfecho exitoso desta missão.
Dona Blima saiu com o seu bebé satisfeita com a nova vida que recebera com a ajuda de Deus, da droga milagrosa (a Penicilina) e dos ótimos médicos da maternidade.
Saiu acompanhada por dona Hanie, sua prima, e o medico particular o doutor Estevão, para uma casa de repouso, o Sanatório Tavares Correia, em Garanhuns.
Verdade seja dita, nada foi publicado nos jornais da cidade, dizem que viram uma pequena nota sem especificar nada, num jornal do Rio e depois de dois meses, apareceu a mesma nota no Diário de Pernambuco, aqui também passou quase que despercebida.
Mas assim não foi na colônia israelita, os boateiros e fuxiqueiros, logo após terem conhecimento do "milagre", não precisaram mais de 48 horas e toda a colônia comentava sobre a "droga milagrosa" a Penicilina.
Verdade seja dita, nada foi publicado nos jornais da cidade, dizem que viram uma pequena nota sem especificar nada, num jornal do Rio e depois de dois meses, apareceu a mesma nota no Diário de Pernambuco, aqui também passou quase que despercebida.
Mas assim não foi na colônia israelita, os boateiros e fuxiqueiros, logo após terem conhecimento do "milagre", não precisaram mais de 48 horas e toda a colônia comentava sobre a "droga milagrosa" a Penicilina.
É uma coisa estupenda, milagre como este, trazer de volta uma pessoa "quase morta" ou em coma profunda, sem esperança qualquer de se recuperar, isso só no tempo do Patriarca Moisés, que tirou água dos rochedos no deserto e abriu o mar Vermelho para deixar passar o povo hebreu fugindo do cativeiro no Egito.
Não sabia esta gente que o descobridor da penicilina, também era patrício!
Não demorou muito tempo e a colônia só falava na tal droga que seria sem duvida nenhuma a "vacina" imbatível para todas as doenças da humanidade.
Com o passar do tempo, a pressão das camadas intelectuais e médicos brasileiros de renome, iniciou-se uma campanha muito bem divulgada nos meios de comunicação solicitando para que a "droga" fosse oficializada no Brasil e importada de imediato!
A coisa resultou exitosa e a Penicilina apareceu nas farmácias, pelo menos nas grandes cidades e custava "os olhos da cara".
Foi "tiro e queda", os judeus do Recife ao saber da novidade correram para as farmácias para tomar a "vacina". Era um patrício emprestando dinheiro ao outro e no fim das contas até o "Banco Cooperativo Israelita" colocou nas suas transações normais o empréstimo para a "vacina milagrosa", sem juros ou correção monetária, pois se tratava de um investimento "salva vida". Em tempo explicaram aos interessados que para ser "vacinado com este novo remédio" era necessário apresentar uma receita médica.
Sem problemas, logo conseguiram dos médicos recém formados e sem clientela, mediante o pago de cinco contos de réis, forneciam a sonhada receita, alegando uma infecção qualquer.
Assim toda colônia tomou penicilina, velhos e crianças, homens e mulheres!
Agora mais que nunca estavam convencidos que de aqui para adiante ninguém mais da colônia teria mais problemas de saúde e de morrer por qualquer besteira (coisa fútil), nem se fala!
Fim de matinhos, chazinhos de folhas, bruxarias, benzas, sopros, lavagens no cu com sabão amarelo, sangria, ventosa, leite de magnésia, óleo de rícino ou óleo de fígado de bacalhau, pílulas de vida do Dr. Ross e outra centena de medicinas da época!
Boa época esta que se "amarrava cachorro com linguiça" e depois comiam o "cachorro quente" no Parque 13 de Maio e agora vacinado ninguém tinha medo de infecções intestinais ou outra qualquer "holiéra" (Cólera e seus semelhantes, em iídiche).
Boa época esta que se "amarrava cachorro com linguiça" e depois comiam o "cachorro quente" no Parque 13 de Maio e agora vacinado ninguém tinha medo de infecções intestinais ou outra qualquer "holiéra" (Cólera e seus semelhantes, em iídiche).
Comparavam este milagre com aquele que fez Moisés no Egito, quando ordenou salpicar sangue de uma tenra ovelha nas portas das casas dos judeus, para evitar mortes dos primogênitos quando pela noite adentro o Satanás viria foiçar nas casas de todas as famílias egípcias, que não conheciam este "castigo" que Moisés declarou com a ajuda de seu Deus e assim, conseguir convencer ao Faraó libertar os judeus do Cativeiro de quase 400 anos.
Vendo os pingos de sangue nas portas dos judeus, o satanás ou qualquer outro em seu nome, saltava aquelas onde estava salpicado.
Daí o nome do feriado "Peissach" (Páscoa) que deriva da palavra hebraica "posseiach" (saltar).
O salpicado de sangue estava pelo menos no mesmo nível de importância, assim como, a Penicilina milagrosa de hoje.
Fim da segunda parte da croniqueta "A DROGA MILAGROSA".
Todos os direitos autorais reservados.
Cuidem com os créditos
Vendo os pingos de sangue nas portas dos judeus, o satanás ou qualquer outro em seu nome, saltava aquelas onde estava salpicado.
Daí o nome do feriado "Peissach" (Páscoa) que deriva da palavra hebraica "posseiach" (saltar).
O salpicado de sangue estava pelo menos no mesmo nível de importância, assim como, a Penicilina milagrosa de hoje.
Fim da segunda parte da croniqueta "A DROGA MILAGROSA".
Todos os direitos autorais reservados.
Cuidem com os créditos

Eng. Izaias Rosenblatt Recife
ResponderExcluirDISSE:
Pena que vc não possa mais vir ao Recife ver as transformações da cidade e da comunidade in loco depois desses 60 anos de ausencia.