DE 2013
O sítio encantado - Parte IV
O SÍTIO ENCANTADO - PARTE Final
Paulo Lisker, de Israel
Duas coisas davam um medo danado a toda meninada.
A primeira, era quando depois das chuvas apareciam dezenas de urubus que se alojavam nos telhados dos sobradões vizinhos para secar-se da umidade absorvida pelas penas pretas como carvão. Dizem que estas aves não fazem casas, então sempre que chove ficam totalmente encharcadas de água e necessitam de muito sol para voltarem a sua situação normal.
Esta ave preta, dizia a "boca do povo", trazem maus augures, pois quando aparecem é sinal comprovado que na cercania vai morrer alguém.
Não se precisa mais que uma "profecia" desta natureza, para deixar a meninada espantada e aos poucos voltavam pra casa e fechavam os postigos, porta e janelas pra que não se olhasse para estas aves azaradas!
O segundo eram as assombrações!
Naqueles tempos corriam muitas estórias para "boi dormir" no nosso Recife, era um tal de Papa-Figo, Saci Perêre, Macobeba, Gaguinho, Gigante do Circo, Lobisomem, etc.
Deles se falava quando aparecia algum circo que se instalava no Recife ou na zona suburbana.
Estas "figuras" andavam com um grande saco nas costas atrás de pegar meninos para dar de comer aos bichos do circo!
O que tem isto a ver com o sítio? Nada!
Mas a imaginação da meninada funcionava a todo vapor, dizia o povo na rua que todas estas figuras, quando acossadas pela polícia se escondiam no fundo do sítio!
E não eram só eles.
Tinha quem jurasse por todos os santos, que lá estão 3 ou 4 cangaceiros de Lampião que escaparam a matança no interior do Estado e outros que viram e escutaram durante as noites de lua, o tropel do "cavalo sem cabeça" de Prestes, "o Cavaleiro da Esperança", antes de que foi levado para seu esconderijo numa fazenda num Estado do interior do Brasil.
Depois das 8 horas da noite, ninguém se atrevia a entrar até o fundo do sítio, somente o corajoso e bondoso senhor Ramos se embrenhava na mata "armado" de um candeeiro e que segundo os miúdos seus filhos, era para levar algo de comer e beber para estes personagens imaginários.
De noite a meninada ficava conversando, junto da casa dos Ramos ou no portão de ferro da saída que dava na Rua Gervásio Pires, esperando a volta são e salvo do "super vigia" senhor Ramos, nas suas andanças pela "floresta", visitando todas essas almas penadas que encontraram guarida no sítio e na fértil imaginação da meninada do nosso grupo de moleques.
Ao escurecer, bastava um menino traquino gritar: "olha aquela sombra ali no muro", ou, "vê aquilo ali se mexendo" e todos desembestavam correndo, cada um para sua casa a contar aos seus das assombrações que os amedrontou esta noite no sítio.
Pena, não ficou nada do sítio.
Os padres derrubaram toda a mata, construíram novos edifícios para o colégio, fizeram um campo oficial de futebol (sem gramado) e o pior, no lugar do barracão da família Ramos construíram um baita dum pombal com centenas de pombos e sabemos que onde tem pombos, passarinho não tem vez.
Desapareceram todos, ninguém cantava mais pela manhã, até os morcegos foram embora, procurar outras bandas para colher frutas, pois aqui não tem mais nada!
Pena que não ficou ninguém para contar a estória deste "sítio encantado".
E a família Ramos, nunca mais os vi pelos arredores, onde andarão?
Este sítio era um verdadeiro paraíso terrestre, não só pela sua vegetação abundante, porém também pelo calor humano desta família do seu vigia. Quem sabe eles eram a segunda edição de Adão e Eva que Deus colocou para que cuidem do nosso planeta, quem sabe!
Pelo menos isto posso garantir a vocês, eu nunca os esqueci e os levei comigo, assim como o "sítio encantado" que vigiavam, para muito longe de lá.
Agora vivem comigo, na minha lembrança, na "Terra Santa", Israel.
Fim da crônica "O SÍTIO ENCANTADO"
Todos os direitos autorais registrados
A primeira, era quando depois das chuvas apareciam dezenas de urubus que se alojavam nos telhados dos sobradões vizinhos para secar-se da umidade absorvida pelas penas pretas como carvão. Dizem que estas aves não fazem casas, então sempre que chove ficam totalmente encharcadas de água e necessitam de muito sol para voltarem a sua situação normal.
Esta ave preta, dizia a "boca do povo", trazem maus augures, pois quando aparecem é sinal comprovado que na cercania vai morrer alguém.
Não se precisa mais que uma "profecia" desta natureza, para deixar a meninada espantada e aos poucos voltavam pra casa e fechavam os postigos, porta e janelas pra que não se olhasse para estas aves azaradas!
O segundo eram as assombrações!
Naqueles tempos corriam muitas estórias para "boi dormir" no nosso Recife, era um tal de Papa-Figo, Saci Perêre, Macobeba, Gaguinho, Gigante do Circo, Lobisomem, etc.
Deles se falava quando aparecia algum circo que se instalava no Recife ou na zona suburbana.
Estas "figuras" andavam com um grande saco nas costas atrás de pegar meninos para dar de comer aos bichos do circo!
O que tem isto a ver com o sítio? Nada!
Mas a imaginação da meninada funcionava a todo vapor, dizia o povo na rua que todas estas figuras, quando acossadas pela polícia se escondiam no fundo do sítio!
E não eram só eles.
Tinha quem jurasse por todos os santos, que lá estão 3 ou 4 cangaceiros de Lampião que escaparam a matança no interior do Estado e outros que viram e escutaram durante as noites de lua, o tropel do "cavalo sem cabeça" de Prestes, "o Cavaleiro da Esperança", antes de que foi levado para seu esconderijo numa fazenda num Estado do interior do Brasil.
Depois das 8 horas da noite, ninguém se atrevia a entrar até o fundo do sítio, somente o corajoso e bondoso senhor Ramos se embrenhava na mata "armado" de um candeeiro e que segundo os miúdos seus filhos, era para levar algo de comer e beber para estes personagens imaginários.
De noite a meninada ficava conversando, junto da casa dos Ramos ou no portão de ferro da saída que dava na Rua Gervásio Pires, esperando a volta são e salvo do "super vigia" senhor Ramos, nas suas andanças pela "floresta", visitando todas essas almas penadas que encontraram guarida no sítio e na fértil imaginação da meninada do nosso grupo de moleques.
Ao escurecer, bastava um menino traquino gritar: "olha aquela sombra ali no muro", ou, "vê aquilo ali se mexendo" e todos desembestavam correndo, cada um para sua casa a contar aos seus das assombrações que os amedrontou esta noite no sítio.
Pena, não ficou nada do sítio.
Os padres derrubaram toda a mata, construíram novos edifícios para o colégio, fizeram um campo oficial de futebol (sem gramado) e o pior, no lugar do barracão da família Ramos construíram um baita dum pombal com centenas de pombos e sabemos que onde tem pombos, passarinho não tem vez.
Desapareceram todos, ninguém cantava mais pela manhã, até os morcegos foram embora, procurar outras bandas para colher frutas, pois aqui não tem mais nada!
Pena que não ficou ninguém para contar a estória deste "sítio encantado".
E a família Ramos, nunca mais os vi pelos arredores, onde andarão?
Este sítio era um verdadeiro paraíso terrestre, não só pela sua vegetação abundante, porém também pelo calor humano desta família do seu vigia. Quem sabe eles eram a segunda edição de Adão e Eva que Deus colocou para que cuidem do nosso planeta, quem sabe!
Pelo menos isto posso garantir a vocês, eu nunca os esqueci e os levei comigo, assim como o "sítio encantado" que vigiavam, para muito longe de lá.
Agora vivem comigo, na minha lembrança, na "Terra Santa", Israel.
Fim da crônica "O SÍTIO ENCANTADO"
Todos os direitos autorais registrados

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