segunda-feira, 12 de agosto de 2013

A Praça Maciel Pinheiro, a Copa do Mundo e os judeus, no princípio do século passado


A praça Maciel Pinheiro, a Copa do Mundo e os judeus, no princípio do século passado



A PRAÇA MACIEL PINHEIRO, A COPA DO MUNDO E OS JUDEUS, NO PRINCÍPIO DO SÉCULO PASSADO 

Paulo Lisker, de Israel
Toda esta situação aconteceu nos anos 30 do século passado.
Por que relatamos sobre o tema?
Era a época dos jogos do Brasil na copa do mundo (Taça Jules Rimet).
O selecionado brasileiro naquela época não era tão conhecido e elogiado pelo mundo afora como hoje.
Não era candidato de relevo como os selecionados europeus da época, para as semifinais e a final.
O Brasil ia, jogava, perdia e voltava, até a próxima copa do mundo, mas isto não diminuía em nada o grande amor do povo pelo selecionado "do país do bom café"!
O povo sofria com as derrotas e fazia um verdadeiro carnaval quando ganhavam de um time de galegos.
Nas duas situações, perdendo ou ganhando, "corria muito aguardente de goela adentro", pois cachaça sempre foi o melhor remédio para tristeza ou euforia.
Diziam os entendidos, que é uma solução muito melhor que um psicólogo e muito mais barata.
A Praça Maciel Pinheiro era usada como o lugar preferido para reuniões e encontros dos mais diversos.
Agora com a copa do mundo e centenas de torcedores recifenses, cheios de entusiasmo fazendo uma algazarra danada se reuniam na praça para acompanhar os jogos do Brasil.
Enchiam todo espaço vazio, não respeitavam a nada nem a ninguém, pois hoje é dia de "futibó" e os que não se interessam que se vão à merda!
Os prestamistas judeus, os donos de lojas na praça, assim como, das ruas adjacentes e em geral aqueles que afluíam por acaso ou de passagem de volta para casa depois do trabalho, davam sempre um "pulinho" ou uma "paradinha" para tomar uma "água soda fria" no local do senhor Vasserman (naquele tempo um negocio de "alta tecnologia"), ou para se abastecer das informações mais recentes que necessitavam para seus negócios.
Para isso mesmo estava aí naquele tempo a Praça Maciel Pinheiro!
Deve-se em tempo frisar que esta gente naquela época, não lia jornal, isto por não dominar o idioma, mas sempre compravam no fim do dia na barraquinha de seu Cândido, até o ultimo exemplar.
Se não era para ler, então para que compravam?
Ao chegar a casa, cortavam o jornal em 5 ou 6 partes, juntavam todos os recortes e penduravam num gancho junto à latrina no banheiro, usavam como papel higiênico.
O Papel higiênico chegou ao Recife em meados do século XX e era vendido nas farmácias! (produto farmacêutico?). Sim senhor!
Isto perdurou durante muito tempo, me lembro que mesmo em 1955 antes de viajar para Israel, ainda na minha casa, o jornal não era usado para se informar sobre o cotidiano, mas sim para limpar a bunda.
Para os judeus, nossos antepassados da Praça Maciel Pinheiro, sempre o "fim da linha" do jornal, era estar pendurado no banheiro.
Os cínicos diziam que esta foi à primeira reciclagem realizada, antes ainda desta onda que agora corre pelo mundo afora de se reciclar qualquer coisa.
Naquela época, rádio quase ninguém tinha.
Duvido mesmo que nas casas dos judeus do Recife, até os mais abastados já possuísse nos primeiros decênios do século XX, algum aparelho de rádio, caso sim, era coisa rara!
Mesmo na nossa casa, o primeiro rádio foi comprado (nos anos 50) no leilão da Rua da Conceição, era de marca Philco, só pegava a Rádio Clube de Pernambuco (acho que não havia outras transmissoras locais)!
A Rádio Nacional, Mairinque Veiga ou a B. B. C, nem se fala e o pior de tudo eram os choques elétricos nas entradas (tomadas) de "terra e antena" (naquele tempo era assim). Denominavam o fenômeno "rabo quente".
Agora entendam um povo sem rádio ou saber ler jornal, encontrou na Praça a solução ideal.
Como?
Logo, logo virá a explicação!
Na Rua do Aragão num dos sobrados mais próximos da praça (defronte do frondoso pé de Jambo do Pará), morava um grupo de estudantes universitários no primeiro andar. Eles "para o bem geral da nação", colocavam um enorme rádio no parapeito da varanda, abriam o volume ao máximo, com as melhores intenções que a transmissão do jogo chegasse ao enorme publico que se apinhava na rua em baixo do edifício e na praça toda.
Não preciso relatar muito como eram os rádios do principio do século, pesados, enormes (parecia que o comercial "Vale Quanto Pesa" era feito para eles e não para o sabonete).
Uma grande caixa de madeira, com 3 controles, (um para o volume do som, outro pra mudar de onda (banda larga, media e curta) e o outro para sintonizar a estação que se queria ouvir), ademais tinha o "olho mágico" que quando a sintonia estava perfeita o "olho" ficava todo iluminado de verde.
Caso houvesse interferências ou problemas atmosféricos, a transmissão ficava prejudicada, não dava para entender o que o locutor dizia e o "olho mágico" não abria de jeito nenhum, no máximo ficava piscando.
Nesta época, com tanta gente na praça não era possível realizar as reuniões que os prestamistas e comerciantes judeus faziam nas horas mais frescas do dia, em geral antes do anoitecer.
Como perceberam que neste dia a batalha com os torcedores estava perdida (muita folia, muita zoada) e de jeito nenhum dava para reunir-se e tratar das novidades diárias, saiam os judeus de mansinho da praça de volta para casa.
Passavam pela barraquinha do jornaleiro, compravam o seu jornal (que não era para ler) e desapontados voltavam para suas moradias a pés ou pegavam o bonde para os arrabaldes onde habitavam. (Madalena, Torre, Espinheiro, etc.).
-"O diabo com este fusbal", sibilavam entre os dentes.
Como os jogos da Copa eram realizados na Europa em horários diferentes como de costume no Brasil (fuso horário diferente), ao terminar a partida, o pessoal já não tinha mais meio de transporte para voltar para casa, então iam andando a pés muitos quilômetros, ou ficavam dormindo nos bancos da praça e nas batentes das lojas que a circundavam.
No dia seguinte lavavam a cara na água que jorrava da linda fonte no centro da praça e iam direto para o trabalho ou ficavam por ali vadiando!
Bom na hora que começava a transmissão da partida o pessoal se apinhava quanto mais perto possível do balcão do casarão, para poder escutar melhor os detalhes transmitidos.
Os vigilantes da guarda civil, que tinham sua delegacia no fim da Rua do Aragão, eram mandados para evacuar o pessoal das ruas, para evitar o "congestionamento do transito" e cuidar da ordem publica!
Mas no fim das contas ninguém cumpria as ordens deles, então até os próprios guardas da segurança publica se misturavam com o publico, pois sabiam que estavam pedindo algo que neste determinado evento, ninguém podia ganhar dos torcedores.
O jogo começa. Ninguém ouve nada!
O pobre enorme radio, com seu primitivo alto falante, não tinha potência para fazê-se ouvir na rua e na praça.
Ademais a qualidade da transmissão da Europa, em parte era feita por cabo submarino, parte por linhas telefônicas, parte por radio através de estações retransmissoras, até chegar a Radio Clube de Pernambuco.
Vocês podem imaginar a qualidade desta transmissão, naqueles anos nas primeiras décadas do século passado.
Era tanta interferência, interrupções, problemas atmosféricos, chiados, zoada, mesmo para os estudantes que estavam na varanda em volta do enorme radio, tinham dificuldades em captar o que o locutor estava dizendo.
Pelo menos nos bons momentos ouviam e serviam de intermediários entre o radio e o publico ansioso em receber a informação do que estava se passando no campo da longínqua Europa.
Era uma transmissão "interativa"!
O publico gritava pro pessoal no balcão:
- Já anunciaram a equipe brasileira?
- Leônidas está escalado?
- "Mão de Onça" é o goleiro?
- O Brasil joga contra quem?
- Chove ou está estiado?("céu limpo", pra quem não conhece a nossa língua).
- O estádio encheu?
Iam perguntado e os estudantes na medida do possível gritavam as respostas e o publico se contentava com a "técnica" usada.
-Silêncio minha gente, estão anunciando a equipe brasileira, silêncio senão eu não escuto!
Pera aí gente.... silêncio...
- OBERDAN... DOMINGOS e NORIVAL... Tem muita interferência, mais tarde digo o resto, agora estão dando os nomes do selecionado espanhol!
Assim era naquele tempo em que se "amarrava cachorro com linguiça" na Praça Maciel Pinheiro e depois do jogo comíamos o "cachorro quente", gostoso danado, no Parque 13 de Maio.
E de repente grita o "ajudante do locutor" desesperado:
-Pênalti, Pênalti, contra o Brasil, ai meu Deus, gritava o estudante.
Silêncio total na Praça, gente se ajoelhando, outros se benzendo, outros tapando os ouvidos. Como se o caso fosse tão perigoso como uma enchente violenta já - já chegando ao Recife!
Grita a todo fôlego o estudante no balcão:
- OBERDAN PEGOU O PENALTI, MAS O ESPANHOL SAFADO FOI EM CIMA DELE E METEU A CHUTEIRA NA CARA!
- O JUIZ, MISTER BARRICK, EXPULSOU O ESPANHOL DESGRAÇADO.
CARTÃO VERMELHO PARA O GALEGO SAFADO.
- EITA GOLEIRO "MACHO DA PESTE", AINDA ESTÁ ESPICHADO NO CHÃO!
- PERTO DELE ESTÃO O MÉDICO E OS ENFERMEIROS COM A MACA, E O QUEREM RETIRAR DA CANCHA.
- OLHA AÍ GENTE, OBERDAN SE LEVANTOU E PROCUROU O GALEGO PARA QUEBRAR LHE A CARA,
O GALEGO CORREU PRA JUNTO DO JUIZ...
- NORIVAL AGARROU OBERDAN E FÊ-LO VOLTAR A "BARRA"!
- OBERDAN VAI CONTINUAR A JOGAR, MESMO CONTUNDIDO, EITA BICHO CORAJOSO DA PESTE!
A praça vibrava, aplaudia como se estivessem presenciando o jogo.
- TERMINOU O PRIMEIRO TEMPO, O RESULTADO ZERO a ZERO, EMPATE, comunicava sobriamente o estudante "locutor".
O público aproveitava o tempo livre para urinar (em geral nos "pé de escada" dos sobrados), outros iam comprar "roletes de cana" para chupar, ou comer tapioca no tabuleiro de dona Santinha, (tinha com coco e só de goma, ambos de dar água na boca).
Água, para quem tinha sede, bebia direto da fonte que saia das bocas dos quatro leões que compunham a estátua da índia no centro da praça.
-Pronto, gritava a todo pulmão o estudante "locutor", para o publico na rua e na Praça!
Vão reiniciar o jogo!
Silêncio para que eu possa ouvir e transmitir para vocês direitinho.
O segundo tempo foi ainda mais movimentado que o primeiro.
O Brasil "furou" o primeiro gol da partida, a alegria na praça foi mesmo arretada!
De noite adentro, a transmissão ficava muito melhor, menos interferências e dava até pra ouvir algo que emanava do alto-falante do radio no balcão.
Para a grande decepção dos torcedores da praça e do Brasil em geral, os espanhóis meteram dois golos na barra do Oberdan, "o intranspassável", e ganharam o jogo, desclassificando o conjunto "das camisas alvas" (o selecionado nacional, naquele tempo, vestia camisetas brancas).
Na rua e na praça se formava um grande bafafá.
Discussão braba, "quem era o culpado".
-Por que não levaram Fulano que é um grande goleador ou Sicrano que é o melhor ponta esquerda do país, ele faz "golos olímpicos" quando bate córner (escanteio)!Outros refutavam, "quem vai levar jogador do Bangu ou do Remo do Pará", está doido varrido?
Outros tinham plena certeza se Leônidas jogasse o Brasil não perderia.
Agora depois da derrota do Brasil, todo mundo era técnico de "futibó" e exímios entendidos na matéria.
E assim era até as tantas da madrugada!
Alguns grupos esquentavam a cabeça demais, aí começava a pancadaria, a guarda civil presente mandava chamar o "tintureiro policial", encanava os mais violentos por vinte quatro horas até o efeito da cachaça passar.
Quase toda gente estava de uma maneira ou outra embriagada, insatisfeita e deveras muito triste.
Às vezes derrubavam latas de lixo que estavam nas ruas, até aconteceu que algumas vitrinas de lojas sofreram rachaduras.
Bom que o pessoal da Guarda Civil estava por perto e conseguia evitar o clássico "quebra-quebra" que era comum quando a frustração alcançava limites insuportáveis.
Ainda bem que os judeus que tinham o costume de sentar na praça para suas reuniões, não estavam presentes nesta oportunidade, pois quem sabe com a frustração, da derrota do selecionado, 
o povo "tocado de cana", não acusariam os "galegos judeus", o "bode expiatório", culpado pela derrota do Brasil e de todos outros males do mundo.
A historia da humanidade está cheia de coisas desta natureza.
No dia seguinte a paz voltava a reinar na Praça Maciel Pinheiro.
De manhã logo cedinho, os vassoureros varriam toda imundice da noite anterior.
Os judeus voltavam a se reunir como de costume para tratar de negócios e tomar a brisa refrescante do fim da tarde.
Os choferes dos carros de aluguel que tinham seu estacionamento na praça, (todos os carros, fora algumas exceções) eram "Ford bigode 29".
"Estacionavam defronte do prédio dos CORREIOS E TELÉGRAFOS, acendiam seus charutos "Florinha ou Flor de Cuba" e entre baforada e baforada, olhando o jornal do dia, vendo a manchete, balançavam a cabeça, como se não digerissem a noticia," QUE MERDA, O BRASIL PERDEU OUTRA VEZ".
Os judeus que chegaram ao principio do século passado no Recife de esportes em geral não entendiam pirocas e de futebol muito menos.
O Recife, grande futebol nunca teve, e no principio do século passado era do nível de "jogar zorra ou pelada" em qualquer terreiro.
Com o decorrer dos anos apareceram e desapareceram os clubes de futebol: América Futebol Clube, Associação Atlética Arruda, Clube Sportivo da Encruzilhada, Clube Náutico Capibaribe, Íris Sport Club, Israelita Sport Club (inacreditável), Santa Cruz Futebol Club, Sport Club do Recife, Sport Clube Flamengo, Torre Sport Clube, Fluminense F. C. Ferroviário F.C., A. E. Tramways, Íbis F. C. e se tinham outros mais, me desculpem já não me lembro.
Na época, o nível do futebol pernambucano era mais baixo até em relação ao da Bahia e a do clube israelita, formado por estudantes da escola israelita do Recife, nem vale a pena comentar pelas "surras" que levava dos outros times e não demorou muito até que se acabou por completo.
Os judeus do Recife no principio do século, não eram dados aos esportes.
Jogadores do Recife para a seleção nacional, quase não eram convocados e se minha memória não falha parece que só Ademir (o Queixada) que nos meados do século passado jogou no Sport, mas ao ser convocado já estava num dos times do Rio de Janeiro!
Testemunha de primeira mão me contou que Meira (Maurício Bucuar) que jogava nos suplentes do Sport, na posição "beque", um rapaz atleta de origem judaica, poderia chegar a ser o melhor beque central do Brasil. O pai de Meira me contou, (quando colhia maçãs no pomar de um kibutz em Israel, quando esteve visitando as filhas que lá viviam). Salvador Pirini, técnico do Sport naquela época, veio na casa dele no Beco da Mangueira (depois mudou o nome para Rua Leão Coroado), pedir o seu consentimento para que Meira pudesse ir jogar no Vasco da Gama, no Rio de Janeiro.
Pirini contou que já tinha o consentimento dos pais de Adésio e de Vavá!
Naquele tempo todos eles eram menores de idade e deveriam ter o consentimento dos pais para tal façanha!
Vavá foi bicampeão mundial em 1958 na Suécia e em 1962 no Chile e Adésio jogou um tempo como aspirante do Vasco.
O titular deste posto no Vasco era Danilo (da seleção brasileira), então ele teve que esperar até que Danilo se aposentasse para jogar um tempo bastante curto, no quadro profissional. (Acontece, falta de sorte).
Seu Leib, (apelidado de "Leib Madeira"), o pai de Meira disse ao Pirini que não tinha nenhuma oposição que seu filho fosse jogar no Vasco, porém com uma condição:
 -"Só depois que terminasse o curso científico (colégio) e os estudos de medicina" (o que seria esperar mais 7-8 anos).
Com isto acabou o "namoro" de Meira, o jovem judeu, com o futebol.
O Meira realmente terminou a faculdade de medicina e era considerado um dos melhores cirurgiões de crânio no Recife.
Infelizmente faleceu jovem e hoje ficamos em dúvida se o Brasil perdeu um excelente beque central ou um exímio cirurgião, em qualquer das duas alternativas foi uma perda irreparável.
Se houveram outros craques que participaram da seleção nacional, não é do meu conhecimento, pois deixei o Recife nos meados da década dos 50 e vim embora para Israel, onde o futebol era mil vezes pior que o do Recife!
Nos anos 60 o Sport Clube do Recife (iniciativa de Rosenblit na diretoria) chegou de visita a Israel e jogou em Tel Aviv contra o selecionado nacional e o derrotou por cinco a zero.
Agora "voltando à vaca fria" e ao principio do século passado.
A meninada jogava "pelada" em qualquer canto, em terreno baldio, na rua, nos quintais dos casarões.
As pelotas eram elaboradas de meias velhas cheias de molambos ou mesmo papel.
Quando conseguiam uma pelota velha que boiava no rio pegado ao estádio do Sport na Ilha do Retiro, ou no matagal dos Aflitos nas proximidades do Náutico, era uma festa e os meninos se sentiam jogadores de verdade, mesmo que descalços, jogando na rua onde em determinadas horas do dia quase não transitavam veículos a motor. (dos poucos que havia).
A colônia judaica, pelo menos naquele tempo não gerou jogadores de futebol. (nem cronistas para relatar o seu cotidiano para posteridade).
Se minha memória não me falha, no fim da década dos 40 ou no inicio da década dos 50, atuava nos meios jornalísticos um comentarista desportivo judeu, conhecido como "Timbinha".
Interessante também o fato, que existiu um judeu árbitro de futebol (Markman) que apitava partidas da segunda divisão.
Ele em 1946 atuou também como juiz nas partidas do campeonato pernambucano. Segundo os analistas de segunda feira nos periódicos recifenses, era um árbitro muito controversal.
O atletismo não era matéria atrativa para os jovens judeus que preferiam cursar as faculdades e se formar em medicina, engenheira, odontologia, advocacia, etc. (uma profissão acadêmica, o sonho de toda mãe judia, que o filho fosse doutor, "a docter").
Os esportes deixavam para os cristãos que tinham tendência para tal.
Porém toda regra tem suas exceções e no Sport Clube do Recife sobressaiu-se um goleiro de porte alto, corajoso, que dava "vôos" espetaculares de um poste ao outro da "barra"!
Agarrava a pelota sem nunca soltá-la nos pés dos jogadores adversários, um guarda-meta e tanto que contribuiu, mormente para os campeonatos ganhos pelo o Sport F.C. e era sempre convocado para a posição de goleiro no selecionado pernambucano!
O nome deste atleta para o povo em geral era "BUCHADA", na realidade um rapaz judeu (José Buchatsky), que morava no bairro da Boa Vista, desde menino torcedor rubro negro e como todo bom filho de mãe judia, depois que sofreu uma seria contusão num dos joelhos foi estudar engenharia e abandonou o futebol.
Formou-se e trabalhou uns tempos na prefeitura do Recife.
Este exímio guarda-valas judeu antecipou a outro legendário goleiro famoso do Sport, Manuelzinho, depois Náutico e que terminou na Bahia (nos traiu)!
Assim era nesta colônia judaica, primeiro estudar, se formar e só depois a "diversão" e tudo mais.
O senhor Schwalbman, amigo do meu avô materno, me contou que os judeus queriam entender que diabo de jogo é esse, "o futibó".
Solicitaram numa das constantes reuniões de prestamistas e comerciantes na Praça Maciel Pinheiro, que senhor Shmerel, que já estava no Recife quase 10 anos pronunciasse uma palestra sobre o assunto, pois com toda certeza ele entendia deste "jogo doido"!
No dia marcado veio Sr. Shmerel, o pessoal se concentrou em dois bancos e em volta deles, aí ele iniciou a palestra e mostrava o quanto entendia do "riscado".
A palestra do tal "entendido na materia", já foi postado neste blog matuto baixo o
 tema :"QUEREMOS SABER O QUE É ESSE FUTIBÓ".
Tocos os direitos autorais, registrados.
Cuidem os creditos.

3 comentários:

  1. r M. Rosenblatt Hadera-Israel
    DISSE:

    Oi Sula:
    Vai aÍ uma crÔnica de Paulo Lisker onde ele fala do grande goleiro do Sport Club – seu pai. Ja’ tinha mandado pra você uma crônica com alusão ao seu pai, mas acho que foi outra crônica dele. Não me lembro bem.


    Dr M. Rosenblatt Hadera-Israel
    DISSE:

    Não tenho comentários. E’ uma epoca diferente da minha. Me lembro daqueles radios grandes e da loucura do povo em jogos do Brasil na Copa do Mundo, mas limpar a bunda com jornal nunca limpei... E’ gostoso??? hahaha
    Como menino que vivia na Travessa do Veras, me lembro dos jambos da Maciel Pinheiro. E’ pena que não existem jambos em Israel. Tenho saudades dos jambos pequenininhos cor-de-rosa (que na verdade, não são jambos). É pena que não tem jabuticaba em Israel.
    Você ja’ escreveu sobre as festas juninas de São João? Ja’? Não me lembro.
    Peido de velha. Traque de massa. Pamonha, etc.
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    Paulo Lisker Israel
    DISSE:
    Até 1955 na minha casa se usava o jornal pendurado num gancho no banheiro, junto ao cagador e durante muito tempo o papel higiénico era encontrado nas farmácias e não em todas. Era um produto farmaceutico.
    Ao chegar em Israel, no kibutz em meados de 1955, o papel de jornal de ontem era o usado para limpar a bunda também. Era de dupla utilidade pois durante a cagada, tinhas material para ler as noticias e artigos dos melhores jornalistas.
    Não sou escritor e dificilmente conseguirei escrever algo que não ficou por demais gravado no meu sub consciente, então sobre os temas que você pergunta, não sei o que escrever.
    Já disse, sou "retratista" das minhas memorias e mesmo assim muito ruim.
    Os tema de momento acabaram e com eles voltarei a olhar pela varanda e ficarei a "ver navios". Fim das croniquetas infantiloides.
    Tudo tem seu fim, também estas memorias, o importante foi o que me lembrava coloquei na Internet, para a posteridade.
    Obrigado por comentar.
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    Dr. Meraldo Zisman Recife
    DISSE:


    Embora tenha repartido a crônica em três partes, achei-a confusa.
    Como você pede minha opinião...
    Achei-a misturada.
    Devem-se separar os temas. Radio. Judeu. Gritaria. Papel higiênico. Jornal.
    Veja se consegue separar os assuntos e os motivos de escrevê-los, ou melhor, conta-los.
    Você é o contador da historia.
    Em dado momento pensei que os jornais somente servem para limpar o rabo (bunda) e que os prestamistas eram analfabetos.
    -------------------------------------


    Eng. Israel Coslovsky São Paulo Brasil
    DISSE:

    PAULO
    MUITO BOM, COMO SEMPRE. NÃO ME LEMBRO DE V. TER ENVIADO ANTERIORMENTE. ESTRANHEI ALGUMAS PALAVRAS, MAS COMO V. É QUE TEM O DICIONARIO, NÃO VOU PERGUNTAR. PARABENS !
    ISRAEL - NECO
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    Paulo Lisker
    Disse:
    Não deixe de perguntar, pois eu deixo propositadamente algumas "lacunas" que muitas vezes são os catalisadores para travar diálogos e comentários.
    Assim sendo, não confie no meu "dicionário" que não possuo. Para qualquer emergência recorro ao Google que para palavras é bastante bom. Não gosto da tradução de textos pois saem ridículos e fora do eixo.
    Gostou da estória em si e como eram ridículos os nossos antepassados ao chegar no novo continente?
    Abraço.
    --------------------------------

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  2. Prof. Jacques Cano Israel
    Escritor
    DISSE:

    Existia o Íbis e eu como assíduo frequentador de jogos vi o Íbis jogando algumas vezes, pois quando havia jogo sempre tinha 2 jogos.
    No primeiro jogo, na preliminar, jogava times de merda
    como o Íbis e depois vinha o jogo principal como o Sport contra o Santa Cruz e etc.
    Escrevi algumas vezes, o que você escreve é bem
    interessante, bem descrito e o leitor que lê a crônica, volta ao passado e etc.
    Me contento em te escrever algumas
    observações que talvez possam ajudar, e tudo feito com boa intenção.
    Jacques
    --------------------------------

    Sra. M. Steinberg Recife
    DISSE:

    Oi Paulo.
    Gostei muito da sua descrição do futebol, muito divertido.
    Continue com suas lembranças que tambem rememoro as minhas. Parabéns
    Abraços
    ---------------------------------------

    Dr. S. Frost São Paulo-Brasil
    DISSE:

    LI E REMEMOREI A MINHA INFANCIA, NA RUA DA GLÓRIA.
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    Dr. E. I. Lederman Recife
    DISSE:

    Paulo, apreciei bastante já que alguns dos fatos ocorridos não eram do meu conhecimento como essa do 'craque' Meirinha(Meira), cotado para ser contratado pelo Vasco da Gama, cuja habilidade com a bola tive a grata oportunidade de ve-lo jogando nas peladas do Centro Israelita.


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  3. Eng. Israel Coslovsky, São Paulo-Brasil
    DISSE:
    Paulo
    Deve ser esta a crônica que v. achou que não havia mandado.
    Eu estava um pouco atrasado, não abri o PC neste final de semana, e ao correr os olhos na lista de recebidos e não lidos ( abertos), não percebi este documento.
    Agora já o li, e como sempre, achei muito bom e perfeito, com o bom gosto de sempre, mais um toque de grande nostalgia...
    Um abraço
    Israel - Neco

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