"DAS CONVERSAS
COM MEU AVÔ"
Tema: "O SEMI
DEUS" ESTÁ SE DESMELINGUINDO.
Paulo Lisker -
Israel.
16-06-2011.
Os amigos iam
desaparecendo. As visitas constantes ao cemitério judaico no bairro do Barro,
acompanhando os amigos no ultimo caminho neste mundo, o deixava desanimado
física, moral e espiritualmente.
É isso mesmo, o
tempo não pode parar e no seu decorrer, vão aparecendo os sinais mais
acentuados da velhice. Uma moleza (fraqueza, em nordestino) invade o idoso e
ele se deixa levar naquela onda morna e serena de não querer fazer mais nada.
Espera chegar o fim.
Lembro-me que tudo
começou com um eczema no braço direito que apesar de todas as medicinas matutas,
as pomadas, tinturas e a dieta, tudo "pirocas" (em vão, no linguajar
popular de desespero), nada de melhoras, na realidade nada adiantava era tudo
paliativos para "boi dormir" e não deixava o meu avô dormir
descansado .
Diziam que isto era
uma reação interna do organismo. O próprio corpo atacando a si mesmo, parece
que na linguagem medica se chama "Lupus".
Propunham dieta
disso, daquilo, minha mãe e as empregadas se desdobravam para fazer tudo
segundo o figurino. No fim de dezenas de experimentos de dietas, ele comia chuchu
cozido na água. Ainda bem que esta verdura se encontrava nos balaios de nossos verdureiros
durante todo o ano.
Era tanto chuchu
que se comprava que já todos os verdureiros da nossa rua se organizaram para
suprir esta verdura para a dieta de seu Joseph, faça sol lascado ou com chuvas
torrenciais! O chuchu estava presente em toda santa refeição deste velho
"semi deus".
Dizem que nas
conversas das empregadas eles contavam que mandavam fazer rezas, ladainhas e
até no Xangô as mãe de santo dos terreiros na Estrada dos Remédios, no Bongi e
Camaragibe faziam as encomendas aos Orixás pela saúde do seu José.
Lembravam com
carinho que no passado ele lhes vendia á prazo cômodo sem muito pressionar
pelos pagamentos semanais. Não tem dinheiro hoje, não tem nada não, fica
para outra vez.
Isto lhes permitia
comprar objetos que necessitavam e que loja nenhuma no Recife lhes venderia á
credito. Esta modalidade de comercio não era comum naquele tempo.
Ademais quem
venderia á prazo a um cliente descalço e sem nenhum documento de identificação?
Ninguém mesmo!
Gostavam do "galego
da prestação" de cabelos grisalhos, olhos claros, vestido a moda européia de
gravata borboleta no pior calor. Sempre atencioso (educação austríaca) que
confiava na palavra deles. Escutava com paciência seus problemas e contava para
eles as novidades do Recife e do mundo sentados na sombra de um grande "pé
de pau" (arvores) que ainda restavam depois dos desmatamentos exagerados
cometidos contra a Mata Atlântica nas áreas periféricas do Grande Recife.
É "peia"
(pesado), todo tempo comer chuchu, chuchu e outra vez chuchu, porém esta
verdura era a recomendada para o seu tratamento.
Às vezes às
escondidas "roubava" algo da comida das empregadas, elas cozinhavam a
sua comida em separado, pois não gostavam do "cardápio dos galegos".
Lembro-me das
comidas judaicas em geral trazidas da Europa. O aroma e o gosto sui generis e
não era muito fácil para um estranho acostumar-se sem torcer o nariz.
Entre outras me
lembro dos cheiros e gostos de alguns pratos judaicos* (ver glossário) muito
comuns na nossa mesa.
Como dizia
anteriormente o meu velho avô "roubava" da comida das empregadas um
pedacinho de macaxeira rosa (esta que cozinha até em água fria), um pedacinho
de niames ou de jerimum pra variar um pouco no gosto de "só Chuchu".
Nada com sal ou
qualquer outro condimento que poderia dar um gostinho a esta comida insossa.
Perguntou ao medico por Quiabo ou Maxixe, a reposta foi negativa, só chuchu, no
maximo polvilhar as postas com farelo de pão torrado, nada mais!
Sim era permitido o
uso Sal de Limão que se comprava nas farmácias, assim como papel higiênico ou
margarina. Na farmácia sim senhor!
Era a época
"primitiva" do Recife matuto, em que se "amarrava cachorro com
linguiça", como dizia o povo.
Deveriam explicar o
"modo de usar" do papel higiênico, como limpar a bunda, depois de
usar por séculos o jornal de ontem para este fim. Vocês se lembram do papel de
jornal pendurado num gancho junto a cada vaso sanitário. Não era vergonha ou
mesquinhez, papel higiênico era raro ou não existia mesmo, e o uso do papel de
jornal para estes fins era uma realidade.
Que diferença do
que era aquele tempo e hoje, o cú que o diga, está vendo né!
Era o tempo do uso
de Ventosas, aplicadas até em mortos, lavagens no cú com sabão amarelo pra
desentupir as tripas, injeção de Antipiogenica que antecipou a penicilina para
tudo que era infecção.
Tintura de iodo,
mercúrio cromo pras feridas às vezes também a Água Oxigenada, Leite de
Magnésia, Óleo de fígado de Bacalhau, Tonico Fontoura, Regulador Xavier, Sal de
fruta Eno, Neuro Fosfato Sky para os nervos, Melhoral ou Aspirina contra a
febre e dor de cabeça, tudo isso e ainda mais, comprado só em farmácias.
Em tempo, seria bom
lembrar que quando nenhum dos remédios caseiros ajudava então recorriam á
Farmácia da Santa Cruz na praça do mesmo nome e o "farmacêutico" (era
mais um vendedor de remédios) o senhor Aristides, depois de ouvir o problema,
vendia um remédio que tinha na farmácia. Caso fosse necessário tomar injeção
ele também aplicava ali mesmo e cobrava algo e logo metia no bolso e não na
gaveta exclusiva para este fim. Trabalho extra, claro.
Outro que fazia
este serviço nas casas dos pacientes era o "farmacêutico" senhor Odon
(na nossa casa era chamado de Senhor Adão) da farmácia Saúde na Praça Maciel
Pinheiro. Dizem as más línguas que este senhor enricou (enriqueceu, em
nordestino) de tanto dar injeção nos judeus em casa.
Parece que este
povo sofre grandemente de hipocondria (medo psicológico de doenças),
especialmente nos trópicos sub desenvolvidos, onde a água não é da melhor
qualidade, nunca tomavam (bebiam) água da torneira para evitar problemas
intestinais.
Bebia-se água
filtrada dum filtro de barro com "velas" também de barro.
Este artefato
estava presente em todas as casas dos judeus. Era mais para efeito psicológico,
pois filtrar mesmo não filtrava "bulhufas" (quase nada), o lodo da
água talvez. O lodo colorido que vinha dos açudes na água encanada através rede
vitalícia da cidade, grandemente enferrujada e cheia de vazamentos, estas velas
de barro retinham. Com uns dias elas ficavam cobertas totalmente deste lodo, até
entupir, aí as tiravam e as limpavam com uma escova e as metiam novamente
dentro do filtro.
Mais que esta
atividade higiênica de produzir água filtrada o Recife não conhecia outra.
As famílias dos
judeus (não todas) trouxeram um costume europeu "bizarro" de ferver a
água e depois que esfriava era colocada em quartinhas de barro (costume local)
e postas em lugares mais frescos da casa para "gelar".
Eu mesmo, toda
minha vida no Recife só tomava água de quartinha e bem me lembro o gosto de barro
quando eram compradas novas.
O Recife era antro
de malaria, febre amarela, e gripes das mais diversas, uma dessas "pestes
danadas" foi a gripe espanhola que causou muitas mortes sem diferenciar
classes sociais.
Os judeus por toda
e qualquer besteira viam logo alguma doença incubar-se e buscavam algum remédio
para o mal imaginário. Isso é a hipocondria. No Recife os judeus tinham esta
fraqueza, hipocondríacos!
Os remédios nas
estantes das farmácias não tinham data para caducar, quem sabe quanto mais velho
era melhor, como o vinho. Interessante que ninguém morria por isso, tinha
remédios do tempo do Imperador Dão Pedro Segundo e talvez de seu antecessor!
Eram outros tempos,
com 40 anos já eras considerado velho, com 50 "com um pé na cova",
com 60 um milagre de ainda estar vivo.
A esperança de vida
no Recife e no nordeste todo não ultrapassava os 45 anos.
Interessante,
aqueles que tinham uma vida quase que eterna eram os mendigos com chagas
horríveis nas pernas que "viviam" pedindo esmola na Ponte de Boa
Vista, que era a de maior movimento de pedestres no Recife.
Estes coitados
estavam eternamente ali. Passavam-se os anos e eles sempre se encontravam vivos
no mesmo lugar. Um milagre!
Alguém me disse que
são tantos que sofrem desse mal no Recife e até em situação pior, que não
dávamos fé quando o que morreu foi rapidamente substituído por outro miserável
com o mesmo problema. Um lugar de "trabalho" livre era imediatamente
preenchido por outro mendigo.
Para
nós judeus não havia como diferenciar, pois todos os "pretos" com
feridas horríveis nas pernas, eram iguais.
Agora
era a vez deste humanista, o meu avô, ele estava se desmelinguindo.
Ninguém
queria acreditar, pensavam que tudo passaria, era só uma etapa ruim na vida.
Deixou
de acionar os dois vendedores que tinha. Passou para eles toda a freguesia e
concedeu que tudo que cobrassem de agora em adiante seria deles e não
necessitavam pagar mais nada pela mercadoria que ele comprara na loja de senhor
Simes no bairro de São José.
Ele
mesmo fecharia a conta.
- Agora
vocês são donos do vosso nariz. Em lugar de trabalhar para mim, trabalhem por
conta própria e vos desejo êxito e muita sorte.
Não
duraram seis meses e os dois vendedores faliram.
Meu
avô ficou sabendo por terceiros do fracasso de seus ex vendedores, pois nenhum
deles teve a coragem de confessar o fracasso comercial para não magoar o meu
avô na situação melindrosa que atravessava.
Mandou
um dos seus amigos ainda vivos o senhor Shvalbman perguntar ao senhor Simis se
os vendedores deixaram dividas na loja. Ao saber do "rombo", mandou
com o seu filho Tucho (Jorge o sertanejo), 50 contos de reis para cobrir a
divida deixada pelos seus dois ex-vendedores.
Ele
dizia: Minha gente, "Do mundo nada se leva, nem um par de meias, a
mortalha não tem bolsos e no caixão não tem gavetas". Você vai desse mundo
do jeito que veio "lá" Deus nos ajuda não se preocupem. Não nos
faltará nada.
Era
um filosofo descalço e no passado longínquo este povo tinha muito deles.
Esse
trabalho exige paciência, compreensão, perseverança, andar baixo o sol
calorento ou chuvas, carregando mercadorias no mostruário.
Havia
tempos com muito barro e muita lama e o mais importante era nunca se "arretar"
(aborrecer) com o cliente por não ter naquela semana como pagar a parcela que
devia.
O
negocio era respirar fundo e ir-se adiante.
Máxima
seriedade e honestidade para com os fornecedores das mercadorias, pagar em
tempo, pois sem eles esta profissão não existiria. Parece que estas qualidades
faltavam aos dois vendedores brasileiros crioulos.
Todas
estas características eram inerentes dos imigrantes judeus e isto foi o que os
possibilitou, relativamente em pouco tempo galgar a uma posição de alto nível
na classe media.
Era
costume de tempos em tempos ouvir comentários de católicos que diziam:
-"Vejam,
vejam estes judeus, chegaram com uma mão na frente e outra atrás" e já
compraram casa ou abriram loja.
Ou:
"Chegaram puxando uma cachorrinha" e já estão ricos!
Era
naquele tempo uma reação muito normal contra os estrangeiros que ontem
desembarcaram no porto e já se organizaram como comunidade, trabalhavam duro e
se não fosse pela sua língua enrolada, não levaria muito tempo e este
contingente da imigração judaica estaria totalmente entrosado economicamente e
culturalmente na população recifense, como um todo.
Outros
mais politizados diziam que este relacionamento para com o "galego"
era o produto do anti-semitismo latente que a igreja católica pregava em toda
América Latina.
Porem
no fim das contas os judeus do Recife provariam a qualquer um que "botava
peninha" (duvidava, em nordestino), que era um grupo humano positivo que
contribuiria em todos os aspectos sócio-econômicos e profissionais na sociedade
brasileira e recifense em especial.
Pelo
que leio nos jornais de hoje é uma realidade imbatível.
Eu
subia ao sótão a mandado de minha mãe para saber se ele necessitava alguma
coisa, se vai baixar para comer ou queria que a empregada levasse para cima.
É
triste ser velho e doente.
Eu
contava pra ele o que fiz na escola ou no sitio de seu Ramos o nosso vizinho.
Pendurados
na parede em cima da sua cama estavam os retratos do Brigadeiro Eduardo Gomes,
Juarez Távora, Sérgio Loreto e um diploma de sócio fundador do Hospital
Evangélico. (nunca soube se este hospital chegou a existir).
Às
vezes eu perguntava quando vinha visitá-lo trazendo com muito orgulho uma pinha
ou bananas maçã do nosso quintal, quem são esta gente nos retratos.
Ele
sempre contava só coisa boa deles.
Lembro-me
que contou que o Brigadeiro deveria ser o presidente do Brasil, então hoje quem
sabe as coisas seriam outras.
Juarez
Távora um personagem político honesto e de notável compostura.
De
Sérgio Loreto que foi o governador de Pernambuco, contava coisas que eu ficava "besta"
só de escutar. Combateu a Coluna Prestes, o cangaço de Virgulino Lampião,
tentou sanear o Recife de epidemias, fez estradas e pontes (ponte de ferro do
Pina). Gente de estirpe assim, Pernambuco precisa, dizia ele.
Ele
conversava comigo como se eu fora um adulto e entendesse o que havia de
importante nestas ações cívicas.
Eu
queria saber das lutas com Lampião e o que é Coluna Prestes, que diabo esta
gente queria. Sobre isso acho que ele não sabia o suficiente. Não faz mal, ele
já está velho, um dia perguntarei ao meu tio sertanejo, ele com certeza saberá
me contar. Espero né?
Ele
sim me contou que leu numa revista alemã um relato sobre "frutas
exóticas" que existem no mundo tropical, muitas existentes no nordeste do
Brasil e até mesmo no nosso quintal ou no sitio de seu Ramos encostado ao nosso
casarão.
Frutas
sem sementes, assim como, a laranja de umbigo (Bahia), têm também Pinha (Anona)
sem sementes, deliciosa, pura polpa. Dizia ele quem pela primeira vez trouxe
esta Pinha para o Recife foi Assis Chateaubriant quando voltou de uma viagem à
África.
Na
China tem goiaba branca totalmente sem sementes e sem o cheiro fedorento
característico da goiaba. Nós rimos a beça dessa goiaba china, pois se não tem
caroços, é branca, e não fede, quem sabe não é goiaba! Será?
Também
me disse que tem Caqui sem sementes e sem ranço que se pode comer-la ainda duro.
(deveria ser a variedade do caqui chocolate).
Aproveitei a deixa e naquele clima alegre da conversa perguntei:
- Zeide,
quando vai chegar também Jaca sem caroços e ele me responde também na gozação,
qual queres a mole ou a dura?
A
gente conversava um bocado sobre quase tudo, porem no fundo no fundo me passava
de vez em quando um calafrio só em pensar o que seria amanhã ou daqui a uma
semana se ele não melhorar deste sofrimento que atravessava.
Um
dia isso vai acontecer. Sem dizer adeus ele se irá para sempre.
Com
toda esta "amizade Avô-Neto" de alguma maneira fiquei magoado com ele
por não me ter preparado para o pior.
A
experiência me ensinou e hoje que sou avô e tenho um amor danado pelos meus
netos, já lhes preveni.
-
Meninada, eu um dia vou morrer.
Não!
Bradam eles me agarrando e me abraçando, não vô, isso nunca.... Tu viverás eternamente!
Que
nada tu vais viver feito o Matusalém, ao menos ao menos até 120 anos, no mínimo,
no mínimo!
-Deixa
de falar nisso vô, que é para não despertar o demônio que anda as soltas aqui
nos inúmeros campos de batalha. Ele tem muitos "clientes" e não se
lembra de ti, nem pensar...
Eu
volto e repito:
-Meus
queridos, todos nos os seres vivos temos o seu dia para deixar a vida terrena e
voltar a Deus que nos permitiu viver este sonho na face da terra.
Estejam
vocês preparados que isto pode acontecer a qualquer momento, mesmo sem aviso
prévio.
Então
queridos netos, nós temos muito boas relações então me escutem.
Quando
eu entregar minha alma a Deus lhes permito ficar tristes um dia só. Nem uma
hora mais!
Respeitem
a "Shivá" da família ("shiva" é um costume religioso em que
todos os familiares ficam sentados no chão durante uma semana na casa do
falecido em sinal de extrema tristeza pela sua partida para a eternidade,
também os visitantes cumprem com este costume).
Uma
vez perguntei:
Por
que tanta tristeza se pela nossa religião, o nosso Zeide está agora num mundo
muito melhor cercado dos profetas, juizes, reis do povo judeu no passado longínquo,
para falar com Deus, nem precisa pedir licença. Então por que vocês ficam tão
tristes com sua partida para o alem?
Senhor
Shvalbman que estava presente me respondeu quase sussurrando:
-Saudades
meu querido, são as dores das saudades por isso ficamos tão tristes.... Sabemos
que "lá" ele está feliz com seus pais e todos os demais do nosso
povo, não sofre mais das doenças que o derrubou, a este gigante judeu da nossa
sociedade recifense. Sabemos de tudo isso, mas a saudade nos mata de saudades,
que fazer?
-Depois
desta semana da "Shivá" agarrem a vida com as duas mãos, nada mais de
tristezas (elas não pagam dividas), nada de ficar se lamentando pelo
falecimento do avô, não entrem em stress nem se metam em problemas
psicológicos, isso só vai custar dinheiro a vossos pais.
Vivam
a vida de vocês, ela é formidável com todos seus altos e baixos, gozem o dia a
dia, tirem dela o máximo proveito.
Se
quiserem, só se quiserem, visitem a minha sepultura anualmente no dia do
"Yor Tzait" (dia do falecimento) e coloquem um seixo ou uma pedrinha
em cima do tumulo, uma lembrança muito característica usada pelo nosso povo,
isto lembrará que estiveram me visitando. Nunca flores, pois estas murcham e
fica feio ou são roubadas por outrem para serem colocadas em outra sepultura.
A
pedrinha é eterna e isso é o suficiente para a lembrança.
Escutaram?
Nada de tristezas, este é o caminho de todo ser vivo, entenderam? Não esqueçam
este procedimento. Então muito bem.
Assim
faço eu para com meus netos.
Isto
me faltou escutar de meu avô.
Seu
falecimento e sua imagem pairando por cima de mim até o dia de hoje é a razão
de que quase um século depois, eu ainda escrevo estas memórias
"infantis" das minhas conversas com ele.
Fim
do capitulo 8 "DAS CONVERSAS COM MEU AVÔ"
Paulo
Lisker-Israel.
18-06-2011 (Todos os direitos
reservados)
*GLOSSÁRIO:
1. Holodets=
Gelatina Doce de Mocotó.
2. Pitséih=
Postas doces de Galinha na mostarda.
3. Nahit=
Grão de bico amassado com açúcar.
4. Guefilte
Fish= Peixe recheado com a carne do próprio. (conhecido também como peixe doce).
5. Borsht
fin Berikes. = Sopa doce de Beterrabas, com carne ou ossos de gado ou carne de
galinha, dependendo do nível econômico da família.
6. Ziss
Zover= Galinha desossada em molho doce-azedo.
7. Zover
Yiguerskes= Pepinos azedos (conserva caseira)
8. Casha
mit Lokshn= Arroz Sarraceno (pequenos grãos de cor marrom) com macarrão
caseiro.
9. Kiguel=
Arroz e macarrão de ontem com canela, açúcar, passas, e outras frutas secas,
frito numa caçarola até formar um bolo comestível, servido frio ou quente.
Muito usado nas casas dos rabinos pobres do leste europeu no passado. Hoje
também é servido em almoço festivo do Shabat (sábado) que oferece o Rabino aos
seus discípulos. O Rabino recebe a parte queimada do fundo da caçarola como um
sinal de humildade.
A
preferência é dada as parte mais "gostosas deste
bolo" aos
futuros discípulos gênios, "Talmidei
Hahamim",
10. Guehakte
Leiber= Picadinho de Fígado de gado, com cebolinha e alho.
11. Varenikes
e Knishes= produtos de massa recheados com purê ou carne moída, sempre com
muita cebola frita.
12. Há Yuch=
Canja de carne de gado ou de galinha gorda.
13. Grivalach=
Banha de galinha frita, (uma espécie de torresmo Casher).
14.
Kampot= Compota de frutas secas ou frescas que tem um longo período de
conservação sem nenhum produto Químico.
15. Zover
Krut= Conserva azeda de Repolho. (especialmente para o inverno europeu e aqui
utilizado como um complemento para salsicha e massas em geral).
16. Salada=
salada com verduras frescas com rodelas de ovos duros cozidos.
Diziam meus amiguinhos não judeus: "Quem come
isto é passarinho", (muita alface na salada).
Mais uma serie de outras comidas típicas
dos judeus de origem
européia, na maioria de tendência
doce.
Psicologicamente talvez causado pelo eterno sofrimento
das perseguições. A comida doce especialmente no shabat (sábado, a rainha dos
dias da semana), era uma espécie de recompensa e sublimação por tudo isso.
Seria alguma surpresa para alguém o fato que este povo
tem o maior contingente de diabéticos do mundo e com caracteristicas genéticas?
Como não é matemática, fica a hipótese no ar á espera da resposta.
Fim do capitulo: "ESTÁ SE DESMELINGUINDO"
Todos os direitos autorais reservados.
Cuidado com os créditos
Como não é matemática, fica a hipótese no ar á espera da resposta.
Fim do capitulo: "ESTÁ SE DESMELINGUINDO"
Todos os direitos autorais reservados.
Cuidado com os créditos

Eng. I, Coslovsky São Paulo Brasil
ResponderExcluirDISSE:
PAULO
MUITO BOM COMO SEMPRE, UM ABRAÇO
ISRAEL
Lic.Jacques Cano Haifa Israel
ResponderExcluirDISSE:
Se não me engano tem que se escrever xuxu e nao chuchu.
Eng. Izaias Rosenblatt Recife
ResponderExcluirDISSE:
Bons tempos aqueles... Eu ainda guardo o filtro de mamãe na cozinha, só de lembrança. A água para beber vem em bujões de plástico de 20 litros.
As frutas de hoje, com a globalização, tb. mudaram muito, o gosto dos kiwis e acerolas, e de um monte de frutas chinesas e asiáticas de nomes esquisitos.
Dr Ary Ruchansky Israel
ResponderExcluirDISSE:
Otima.
Ary
Dr. Samuel Hulak Recife
ResponderExcluirDISSE:
Shalom.
Como sempre gostei muito da sua crônica (desmelinguindo) e ao lado dos parabéns envio em anexo um breve histórico do Hospital Evangélico que ainda funciona aqui no Recife.
Abraço,
Samuel.