O PASTOR DE PERUAS
Rabico do autor da croniqueta
O PASTOR DE PERUAS
Paulo Lisker, de Israel
Que eu saiba ou me lembre, ninguém escreveu nada sobre este personagem, o tal "Pastor de Peruas".
Acho eu, que ele deveria constar nas dezenas de descrições dos escritores e cronistas que abordaram o tema dos pregões no Recife. Outros foram até mais adiante e englobaram todo nordeste e norte do país. Eram pregões "pra dar e vender" e o "Pastor de Peruas" ficou esquecido. Quem sabe o dito cujo era um "fenômeno" exclusivamente recifense, mesmo assim, é muito estranho que não conste em coletânea nenhuma dos pregões até hoje publicados ou nos arranjos musicais efetuados e levados ao ar por cantores locais.
Se estiver enganado, por favor, me corrijam, OK? Estou sempre pronto para aprender dos que conhecem melhor a matéria. Como diz um ditado hebraico: "MIKOL MELAMDAI ISKALTI", ou seja, (de todo mestre, aprendi).
Se estiver enganado, por favor, me corrijam, OK? Estou sempre pronto para aprender dos que conhecem melhor a matéria. Como diz um ditado hebraico: "MIKOL MELAMDAI ISKALTI", ou seja, (de todo mestre, aprendi).
Para mim, quando pixote, o "pastor de peruas" era uma figura exótica, não menos importante que o vassoureiro, o vendedor montado de frangos e galinhas, o vendedor de pirulito, o vendedor de miúdos, o cavaquinho, o verdureiro, o fruteiro, o vendedor de lã de barriguda e muitos outros mais, que figuram com muita razão nas descrições impressas e até em letras de músicas".
Então em homenagem ao "pastor de peruas" (nem me lembro o seu nome), este ambulante esquecido, dedico esta "croniqueta infantilóide", pelo serviço que prestava a comunidade judaica do "Recife Matuto", nas primeiras décadas do século XX (visto através dos olhos de um menino).
Então vamos lá:
Nos tempos das festas de fim do ano (Natal e Ano Novo), aparecia no Bairro da Boa Vista, o tal "Pastor de Peruas".
Ele trazia as suas peruas de fora da cidade. Tinha um sitiozinho ainda do tempo de seus avós (uso capião), detrás do cemitério de Santo Amaro.
Andava um bocado até chegar ao "umbigo" do Recife e quando atravessava a Avenida Conde da Boa Vista e entrava na Rua Gervásio Pires, já se ouvia o seu cantarolado que era o seu pregão:
Então em homenagem ao "pastor de peruas" (nem me lembro o seu nome), este ambulante esquecido, dedico esta "croniqueta infantilóide", pelo serviço que prestava a comunidade judaica do "Recife Matuto", nas primeiras décadas do século XX (visto através dos olhos de um menino).
Então vamos lá:
Nos tempos das festas de fim do ano (Natal e Ano Novo), aparecia no Bairro da Boa Vista, o tal "Pastor de Peruas".
Ele trazia as suas peruas de fora da cidade. Tinha um sitiozinho ainda do tempo de seus avós (uso capião), detrás do cemitério de Santo Amaro.
Andava um bocado até chegar ao "umbigo" do Recife e quando atravessava a Avenida Conde da Boa Vista e entrava na Rua Gervásio Pires, já se ouvia o seu cantarolado que era o seu pregão:
-"PERU, PERU NOVIN PRAS FESTAS DO NATÁ E ANO NOVO QUE TÁ PERTIN. JÁ, JÁ É VESPRA! QUEM NÃO QUER UMA PERUA NOVINHA BEM FORNEADA NA MESA DO NATAL. PAPAI NOÉ VAI FICÁ ZANGADO QUANDO ESPIÁ PELA JANELA E NÃO VÊ A BICHINHA!
PERU NOVIN, OLHI AÍ, O ÚNICO BICHIN QUE MORRE NA VÉSPRA, TADINHO. PERU, PERU, PATROA, PRÔ NATAL E ANO NOVO. BICHIN TÃO NOVIN QUE NEM AVOÁ ".
O "pastor e seu rebanho", caminhavam sempre na calçada que fazia sombra é claro.PERU NOVIN, OLHI AÍ, O ÚNICO BICHIN QUE MORRE NA VÉSPRA, TADINHO. PERU, PERU, PATROA, PRÔ NATAL E ANO NOVO. BICHIN TÃO NOVIN QUE NEM AVOÁ ".
Assim sendo, tinha que atravessar frequentemente as ruas, passar da calçada do sol para a da sombra.
A ordem e a disciplina das peruas, entrava em ação,elas caminhavam obedientemente na sua frente, uma dúzia ou mais de peruas e às vezes mais quatro ou cinco patos.
Parecia até uma unidade militar bem disciplinada caminhando com seu "comandante", às vezes elas iam à frente dele e noutras o acompanhavam quando iam atravessar a rua.
O "pastor" levava na mão um raminho de marmeleiro e ia tocando levemente naqueles que perdiam o rumo certo da marcha e assim orientava o caminho a seguir do seu disciplinado "comboio".
Seguia caminhando e cantarolando o seu pregão:
"XÔ, XÔ, XÔ PIRÚ, MARCHA DIREITIN! CAMINHA, CAMINHA, ANDA COM A TROPA. XÔ, XÔ, XÔ PIRÚ, VAI APRUMADO, NUN SAI DA LINHA NÃO, ADONDE TU VAI BOBÃO, SE TU NÃO VAIS DIREITO TU ACABAS NO FACÃO! XO, XO, XO, PIRÚ"!
Desta forma despertava a sua freguesia que já o esperava desde o principio do mês de Dezembro. Assim eram todos os anos, sem faltar nunca.
Do tempo de menino me lembro que isso acontecia nas vésperas do Natal e Ano Novo e esporadicamente em outras épocas do ano.
Quando o "comboio" passava diante dos portões dos sítios e casarões da nossa rua era uma alegria para os perus velhos dos quintais. Era só ver aquele bando de peruas novinhas, começavam os perus a ficar tesudos, encher o papo de ar, arrastar as azas no chão e aí vinha à cantiga clássica da peruada:
GLU, GLU, GLU, GLU, RRRUUSSS...
GLU, GLU, GLUG, GLU....
GLU, GLU.... TUUFFSS (tirando ar do papo).
Mesmo depois do "comboio" passar, os velhos perus, ainda tezudos, continuavam a cantiga que se ouvia na rua toda. Até a meninada que sabia imitar, entrava em ação então o GLU, GLU, GLU, se ouvia na Boa Vista toda. Onde criavam no quintal o seu próprio peru para as festas de ano novo, a cantoria do GLU, GLU, GLU era generalizada e todo Recife "gluglu-lava" como se estivessem anunciando e homenageando a chegada do próximo Natal e Ano Novo.
O que estas aves não sabiam era que isto estava aproximando o seu destino final, o forno.
Já depois de adulto alguém me disse que não se deve irritar o peru e fazer ele "GLU, GLUJAR", uma vez atrás da outra, pois ele tem um coração pequeno em relação ao tamanho do seu corpo e acontece frequentemente sofrer um ataque cardíaco e morrer em seguida, então cuidado, muito dinheiro perdido e esforço esbanjado, uma pena!
Quando se via o "Pastor de Peruas" fora do tempo das festas cristãs, podias estar certo que logo-logo seria comemorado alguma festividade judaica.
Seria o "Rosh Hashaná" ("Rosheshune*", Ano Novo dos judeus), ou vai haver batizado, Brith*( circuncisão), ou noivado (Tnoim)*, no qual as famílias de ambos os lados se comprometem quais as prendas ( "nedunie"*, enxoval), que serão oferecidas ao jovem casal), ou casamento (a Hassené*) das famílias envolvidas no tal evento.
Todas estas festividades nas casas dos judeus, sem este prato (peru forneado) imagine, seriam considerados mesquinhos.
Para celebrar estas festas judaicas, como não havia telefone, as famílias interessadas tinham que ir a pés, bastante tempo antes até o sitio em Santo Amaro e negociar o preço e o numero de aves. Pagavam algo adiantado (para comprar milho e farelo) e garantir que a encomenda estivesse pronta na data marcada.
Às vezes mandavam um dos empregados fazer a "transação", porém acontecia que nem sempre dava certo não (cabeças de bagre), "goieshe kep", em iídiche. Essa gente não é pra fazer negócios.
Não sei se vocês sabem, mas era comum dizer que esta ave morre sempre na véspera, ademais existe um costume corriqueiro de dar uma colher de sopa de aguardente, duas ou três horas ante de degolar. Diz a sabedoria do povo que o aguardente tem algumas funções, a saber: amaciar a carne da ave, diminuir o sofrimento do abate no momento do corte das veias da goela.
Que Deus nos perdoe por matar o que o Criador colocou junto aos demais seres vivos na face da terra.
Este procedimento era necessário para garantir a carne dessa ave nas mesas da festa, então quem somos nós para por em duvida o ditado: "A voz do povo é a voz de Deus".
A verdade era que ao levar ao abate as peruas embriagadas, não sentiam o corte ao serem degoladas (abatidas) e a carne ficava macia. Então tudo legal.
Em geral o abate das aves (perus, peruas, patos, galinhas, etc.) era feito pelo "Shoihet" (o mata galinha, judeu), que fazia segundo as leis do abate"Casher", segundo o prescrito nas santas escrituras.
Assim sendo, a carne desta ave (peru ou perua) era obrigatoriamente servida nas mesas dos convidados, sempre bem preparada e com o maior requinte.
Viva o peru, "tadinho" (diminutivo de coitado, coitadinho, na língua do povo), morre na véspera, bêbado e abatido pelo Shoihet.
Agora entendo o tal dito popular: O peru é o único ser vivo que morre na véspera.
A razão disso, é que se faz necessário tempo para o preparo da carne, a imersão dela nos temperos (marinada) e molhos durante toda a noite e depois os destinos diversos, para o forno, cozido em fogo baixo e o preparo dos "helzelach".
O "helzelach" é a pele do gogó da ave recheada com uma mistura que leva grivalach* (torresmo), cebola bem picadinha fritada, carne moída de galinha ou de pato com muito alho, condimentos de todo tipo e com certeza outras coisas gostosas que eu mesmo como curioso nunca soube a formula exata desta mistura do recheio. No fim do "enchimento", entravam em ação as "costureiras" que com agulha e linha branca costuravam os dois lados do gogó antes de colocar na panela do cozido das partes do peru ou perua que não iam para o forno.
Assim sendo, a carne desta ave (peru ou perua) ia para as mesas dos convidados, sempre bem preparada com o maior requinte.
Eu quando era menino gostava imensamente de comer "helzelach" uma delicia que depois da minha infância nunca mais provei algo igual, parece que o tal "helzelach" (Gogó recheado), morreu com a geração que já nos deixou. Pena!
Falando sério, nunca fui fã da carne de peru.
Para mim, por mais temperos (segredos culinários judaicos) que usassem, e os das nossas eximias empregadas cozinheiras, e mesmo que estivessem tocado de cachaça, o produto acabado do "hindik" (peru em iídiche), sempre sua carne era meio insípida e mais parecia se estar mastigando palha ou sei lá o que.
Mas digam o que quiser, as peruas assadas nas festividades dos judeus do Recife era um prato obrigatório. Sinais do tempo em que o "novo rico" mostrava o seu respeito pelos convidados da festa.
Eu não sei não, mas eu saía da festa "comendo um galo", lembram da expressão? Pois as fatias da "peituga" deste bicho forneado, não me passavam pela goela, nem com a ajuda de muito Guaraná, da Fratelli Vitta que era o usual naquela época em que se "amarrava cachorro com linguiça". Não me digam que não se lembram.
Eu sim gostava dos "helzelach", era de dar água na boca, mas nunca havia o suficiente para todos (pois cada peru só tem um gogó), e se acabava rapidamente mesmo que encomendassem 20 peruas, então só restava mastigar a carne insípida do peito do peru e mesmo assim muitas vezes deixava no prato. No fim da noite o que restava era destinado aos cachorros (cães aristocratas, comendo as sobras de peito de peru, só no Recife judaico mesmo).
Interessante que esta ave meio idiota, sempre recebia o nome de outro país, uma maneira de menosprezar e não causar muito dano, Assim sendo:
No Brasil é Peru
Nos USA é Turkey (turco)
Em Israel é Hodi (indiano)
Em iídiche é Hindik (indiano)
Em polonês é Indik (indiano)
Em catalã é Gala dede (galego)
Turquia é Hingdi (indiano)
Irlandês é Turcai (turco)
Húngaro é pulyca (polaco)
Espanhol é "pavo", (uma pessoa zonza, boba ou tonta e se usa muito para descrever os meninos quando estão passando pela adolescência).
Eita bicho danado da peste, ninguém quer ser peru que sempre morre na véspera ainda mais "bêbado".
Desta forma despertava a sua freguesia que já o esperava desde o principio do mês de Dezembro. Assim eram todos os anos, sem faltar nunca.
Do tempo de menino me lembro que isso acontecia nas vésperas do Natal e Ano Novo e esporadicamente em outras épocas do ano.
Quando o "comboio" passava diante dos portões dos sítios e casarões da nossa rua era uma alegria para os perus velhos dos quintais. Era só ver aquele bando de peruas novinhas, começavam os perus a ficar tesudos, encher o papo de ar, arrastar as azas no chão e aí vinha à cantiga clássica da peruada:
GLU, GLU, GLU, GLU, RRRUUSSS...
GLU, GLU, GLUG, GLU....
GLU, GLU.... TUUFFSS (tirando ar do papo).
Mesmo depois do "comboio" passar, os velhos perus, ainda tezudos, continuavam a cantiga que se ouvia na rua toda. Até a meninada que sabia imitar, entrava em ação então o GLU, GLU, GLU, se ouvia na Boa Vista toda. Onde criavam no quintal o seu próprio peru para as festas de ano novo, a cantoria do GLU, GLU, GLU era generalizada e todo Recife "gluglu-lava" como se estivessem anunciando e homenageando a chegada do próximo Natal e Ano Novo.
O que estas aves não sabiam era que isto estava aproximando o seu destino final, o forno.
Já depois de adulto alguém me disse que não se deve irritar o peru e fazer ele "GLU, GLUJAR", uma vez atrás da outra, pois ele tem um coração pequeno em relação ao tamanho do seu corpo e acontece frequentemente sofrer um ataque cardíaco e morrer em seguida, então cuidado, muito dinheiro perdido e esforço esbanjado, uma pena!
Quando se via o "Pastor de Peruas" fora do tempo das festas cristãs, podias estar certo que logo-logo seria comemorado alguma festividade judaica.
Seria o "Rosh Hashaná" ("Rosheshune*", Ano Novo dos judeus), ou vai haver batizado, Brith*( circuncisão), ou noivado (Tnoim)*, no qual as famílias de ambos os lados se comprometem quais as prendas ( "nedunie"*, enxoval), que serão oferecidas ao jovem casal), ou casamento (a Hassené*) das famílias envolvidas no tal evento.
Todas estas festividades nas casas dos judeus, sem este prato (peru forneado) imagine, seriam considerados mesquinhos.
Para celebrar estas festas judaicas, como não havia telefone, as famílias interessadas tinham que ir a pés, bastante tempo antes até o sitio em Santo Amaro e negociar o preço e o numero de aves. Pagavam algo adiantado (para comprar milho e farelo) e garantir que a encomenda estivesse pronta na data marcada.
Às vezes mandavam um dos empregados fazer a "transação", porém acontecia que nem sempre dava certo não (cabeças de bagre), "goieshe kep", em iídiche. Essa gente não é pra fazer negócios.
Não sei se vocês sabem, mas era comum dizer que esta ave morre sempre na véspera, ademais existe um costume corriqueiro de dar uma colher de sopa de aguardente, duas ou três horas ante de degolar. Diz a sabedoria do povo que o aguardente tem algumas funções, a saber: amaciar a carne da ave, diminuir o sofrimento do abate no momento do corte das veias da goela.
Que Deus nos perdoe por matar o que o Criador colocou junto aos demais seres vivos na face da terra.
Este procedimento era necessário para garantir a carne dessa ave nas mesas da festa, então quem somos nós para por em duvida o ditado: "A voz do povo é a voz de Deus".
A verdade era que ao levar ao abate as peruas embriagadas, não sentiam o corte ao serem degoladas (abatidas) e a carne ficava macia. Então tudo legal.
Em geral o abate das aves (perus, peruas, patos, galinhas, etc.) era feito pelo "Shoihet" (o mata galinha, judeu), que fazia segundo as leis do abate"Casher", segundo o prescrito nas santas escrituras.
Assim sendo, a carne desta ave (peru ou perua) era obrigatoriamente servida nas mesas dos convidados, sempre bem preparada e com o maior requinte.
Viva o peru, "tadinho" (diminutivo de coitado, coitadinho, na língua do povo), morre na véspera, bêbado e abatido pelo Shoihet.
Agora entendo o tal dito popular: O peru é o único ser vivo que morre na véspera.
A razão disso, é que se faz necessário tempo para o preparo da carne, a imersão dela nos temperos (marinada) e molhos durante toda a noite e depois os destinos diversos, para o forno, cozido em fogo baixo e o preparo dos "helzelach".
O "helzelach" é a pele do gogó da ave recheada com uma mistura que leva grivalach* (torresmo), cebola bem picadinha fritada, carne moída de galinha ou de pato com muito alho, condimentos de todo tipo e com certeza outras coisas gostosas que eu mesmo como curioso nunca soube a formula exata desta mistura do recheio. No fim do "enchimento", entravam em ação as "costureiras" que com agulha e linha branca costuravam os dois lados do gogó antes de colocar na panela do cozido das partes do peru ou perua que não iam para o forno.
Assim sendo, a carne desta ave (peru ou perua) ia para as mesas dos convidados, sempre bem preparada com o maior requinte.
Eu quando era menino gostava imensamente de comer "helzelach" uma delicia que depois da minha infância nunca mais provei algo igual, parece que o tal "helzelach" (Gogó recheado), morreu com a geração que já nos deixou. Pena!
Falando sério, nunca fui fã da carne de peru.
Para mim, por mais temperos (segredos culinários judaicos) que usassem, e os das nossas eximias empregadas cozinheiras, e mesmo que estivessem tocado de cachaça, o produto acabado do "hindik" (peru em iídiche), sempre sua carne era meio insípida e mais parecia se estar mastigando palha ou sei lá o que.
Mas digam o que quiser, as peruas assadas nas festividades dos judeus do Recife era um prato obrigatório. Sinais do tempo em que o "novo rico" mostrava o seu respeito pelos convidados da festa.
Eu não sei não, mas eu saía da festa "comendo um galo", lembram da expressão? Pois as fatias da "peituga" deste bicho forneado, não me passavam pela goela, nem com a ajuda de muito Guaraná, da Fratelli Vitta que era o usual naquela época em que se "amarrava cachorro com linguiça". Não me digam que não se lembram.
Eu sim gostava dos "helzelach", era de dar água na boca, mas nunca havia o suficiente para todos (pois cada peru só tem um gogó), e se acabava rapidamente mesmo que encomendassem 20 peruas, então só restava mastigar a carne insípida do peito do peru e mesmo assim muitas vezes deixava no prato. No fim da noite o que restava era destinado aos cachorros (cães aristocratas, comendo as sobras de peito de peru, só no Recife judaico mesmo).
Interessante que esta ave meio idiota, sempre recebia o nome de outro país, uma maneira de menosprezar e não causar muito dano, Assim sendo:
No Brasil é Peru
Nos USA é Turkey (turco)
Em Israel é Hodi (indiano)
Em iídiche é Hindik (indiano)
Em polonês é Indik (indiano)
Em catalã é Gala dede (galego)
Turquia é Hingdi (indiano)
Irlandês é Turcai (turco)
Húngaro é pulyca (polaco)
Espanhol é "pavo", (uma pessoa zonza, boba ou tonta e se usa muito para descrever os meninos quando estão passando pela adolescência).
Eita bicho danado da peste, ninguém quer ser peru que sempre morre na véspera ainda mais "bêbado".
* no idioma iídiche.
- Nova versão, parte da serie "OS PREGÕES DA MINHA RUA".
Todos os direitos autorais reservados.
(Versão atualizada da "croniqueta infantilóide", postada neste blog em 03/9/2010).
Ilustração "infantilóide" do "Vendedor de Peruas", rabiscado pelo autor do texto.

Sarita Tabatchnik, São Paulo
ResponderExcluirDISSE:
Paulo,
Eu ouvi falar, mas acho que ainda não era nascida.
Mas de qualquer forma muito pitoresco.
Sarita