A Praça Maciel Pinheiro no principio do seculo XX, o centro nevrálgico da comunidade judaica recém chegada ao Recife.
Foto: Prof. Dantas e Internet
"UM AMOR IMPOSSÍVEL"
Foto: Prof. Dantas e Internet
"UM AMOR IMPOSSÍVEL"
Paulo Lisker
Israel
Tema: QUEM É ABELARDO (capitulo 2 da novela)
O estudante de nome Abelardo, mas conhecido por todos os amigos pelo apelido de "Dadinho".
Ele estudava na faculdade de Direito que se situava num edifício bem antigo de estilo conservador no Parque 13 de Maio, no Recife
Era o filho predileto de pais ricos, família tradicional
Católica Apostólica Romana, donos de engenhos que produziam rapadura
e farinha de mandioca, no interior de Alagoas. (os Monteiro, se não me engano).
Ele foi o único dos 5 irmãos e 2 irmãs que recebeu a
regalia de estudar no Recife e recebia todo mês uma boa mesada para sobreviver
e estudar com a cabeça livre.
Não se sabe quando ele se apaixonou seriamente
pela donzela de nome Susana, que era conhecida por Xóxa, na roda de sua
amizade.
Esta jovem judia, filha caçula da família
Lithvack de tendência ortodoxa judaica, cujos antepassados na Europa
descendiam de importantes rabinos na Lituânia.
Dizem que quando seus pais resolveram
abandonar a Europa e viajar para o "desconhecido" continente sul
americano, foi uma verdadeira tragédia.
Os "patriarcas" (gente de elevada
posição nos meios religiosos ortodoxos na Lituânia), fizeram um "sud"
(uma espécie de tribunal) e o veredicto foi que os excomungaram deste grupo
fanático!
A ultima frase que ouviram dos mais velhos
foi: "Segue teu laico destino e deixa-nós e Deus em paz". Shalom
(paz).
Agora que conhecemos os fundamentos básicos das
duas familias envolvidas, voltemos ao caso que relatamos.
Dadinho estava mesmo apaixonado, mas de uma maneira
aplatonica.
Os colegas que com ele viviam nos quartos alugados do
casarão da Praça Maciel Pinheiro contavam que muitas vezes era necessário
forçar ele sair do banheiro (só havia um no casarão) onde
ele costumava seguidamente "tocar punheta" imaginado um
encontro amoroso com sua querida Xóxa.
Nos estudos não estava concentrado, as notas caíram e
ele parecia mais a um Zombe que um jovem vivo e satisfeito com a juventude que
tinha pela frente.
Os amigos queriam ajudá-lo e transmitiram para as amigas de Xóxa, bilhetes como se fora ele quem escrevera endereçado a ela,
declarando seu amor e admiração e propunha ser o seu namorado.
Nada disso funcionou.
Os amigos vendo como Dadinho sofria, cada dia mais
franzino e abatido, propuseram que depois das aulas, ele a acompanhasse
quando saia da escola Normal que se localizava perto da Faculdade de Direito
Assim fez, porem as diversas tentativas não resultaram
exitosas e isto o deixou ainda mais frustrado.
Mas Deus não ficou indiferente ao sofrimento do
Dadinho.
Um dia caiu um "toró" (Um aguaceiro medonho), no meio do caminho de volta para casa e Xóxa correu e se escondeu no sagão do cinema Parque na Rua do Hospício.
Um dia caiu um "toró" (Um aguaceiro medonho), no meio do caminho de volta para casa e Xóxa correu e se escondeu no sagão do cinema Parque na Rua do Hospício.
Ficou sozinha, pois as outras colegas com as
clássicas sombrinhas, correram para casa, pois iam se preparar para a prova de português que seria no dia seguinte.
Aí caiu do céu a oportunidade que Dadinho
tanto esperava. Ele também molhado até os ossos entrou no sagão do cinema e sem
titubear foi ao seu encontro e se declarou, lhe propôs namoro e a capa
impermeável contra a chuva para que pudesse voltar para casa em tempo.
O aguaceiro parecia que ia demorar bastante tempo
até passar.
Era daqueles bons aguaceiros, frequentes no Recife
"matuto" que aguava os canaviais e a zona da mata toda.
Vocês se lembram do cheiro gostoso que exalava a
terra nordestina depois de uma estiagem e vinha um aguaceiro? Daqueles
acompanhados de relâmpagos e muita trovoada? Era cada estrondo que
não tinha guri que não ficasse teso de medo!
A situação foi embaraçadora para ambos os jovens,
porem pela primeira vez Xóxa observou-o de cima para baixo, todo molhado e
encabulado e trocou com Dadinho umas palavras agradecendo a sua
ajuda.
Ela recebera boa educação em casa e na
escola.
Esperaram uns minutos mais olhando os cartazes ( Fotos dos filmes que seriam exibidos nas próximas semanas) e
resolveram enfrentar a chuva com a ajuda da capa impermeável em cima
das suas cabeças.
Saíram abraçados (tudo por causa da capa), não se sabe
se trocaram mais algumas frases ou a situação criada com o primeiro
contacto físico com sua amada, até o momento virtual, os deixou mudos, gozando
estes momentos agarrados até que chegaram em casa.
Despediram-se na porta da casa dela, deixou a capa com
ela e pediu que se encontrassem outra vez com o pretexto de devolver a capa.
Ela concordou e ele correu para o seu quarto no casarão
defronte. Possivelmente se trancou no banheiro e se livrou da tesão que o
importunava e se criou desde que abraçou sua amada na chuva debaixo da
capa!
Dadinho estava no sétimo céu, finalmente, finalmente,
começaria um namoro que tanto tempo almejava.
Naquele tempo no nosso Recife matuto as relações amorosa entre dois jovens sempre começava com um namoro. Este namoro poderia durar meses e até anos. Algumas vezes iria até a realização de um noivado e casamento.
Neste caso as coisas pareciam ser algo complicado pois ele católico e ela judia.
Vê lá não é "café pequeno", muitos obstáculos a enfrentar daí pra frente.
Todos os direitos autorais reservados.
Cuide com os créditos
Naquele tempo no nosso Recife matuto as relações amorosa entre dois jovens sempre começava com um namoro. Este namoro poderia durar meses e até anos. Algumas vezes iria até a realização de um noivado e casamento.
Neste caso as coisas pareciam ser algo complicado pois ele católico e ela judia.
Vê lá não é "café pequeno", muitos obstáculos a enfrentar daí pra frente.
Todos os direitos autorais reservados.
Cuide com os créditos

Sra. Bella Rushansky Recife
ResponderExcluirDISSE:
Parabéns , ótima memoria, a casa onde morou Clarisse Lispector , a escritora era em frente
a Praça, existe uma escultura em sua homenagem.